A CBF divulgou que somente no primeiro semestre deste ano o Brasil vendeu para o exterior nada menos que 355 jogadores. O maior volume de exportação deste produto desde 2011. Se juntasse estes boleiros dava para montar 32 times. Se admitir que este pessoal jogue bem, o que nem sempre é garantido, dava para fazer um bom campeonato na Série A e ainda garantir 60 por cento dos participantes da Série B. Mas foi todo mundo embora e quando a moçada estiver um bagaço e perto de encerrar a carreira, volta para o Brasil para rechear os clubes do país – formados com jogadores que não interessaram ao mercado externo – com experiência e pouca vontade, porque estão financeiramente independentes. O movimento de jogadores para o exterior rendeu 100 milhões de dólares o que na cotação oscilante da moeda americana dá mais de 300 milhões de reais.
Todo mundo vai embora. Não adianta reclamar. A crise brasileira, com alta do dólar, favorece clubes compradores do exterior. Além de os times brasileiros estarem com a corda no pescoço (precisam da grana para pagar salário de quem fica), não competem com o poder de compra de chineses, árabes, russos, ucranianos, turcos, portugueses, espanhóis, italianos, franceses, japoneses, tailandeses e até indianos. Sem contar americanos e mexicanos. O Armindo ouve a explanação atento e diz: “Não tem como segurar. Conheço jogador que ganhava 15 mil por aqui e veio proposta da Ucrânia para ganhar 100 mil, morar em mansão, com carro do ano e quatro passagens anuais de ida e volta para visitar a família. Depois de ouvir isso, você acha que ele tem cabeça para jogar no Brasil? Não tem. É a realidade. Não tem como segurar prata da casa”.
Prata da casa vira ouro no mercado externo, seja na Espanha ou na China. Não é de hoje que a venda de jogadores virou a tábua de salvação dos clubes brasileiros. Talentoso não fica. E tranqueira também vai junto disfarçando de craque. É o famoso gato por lebre. Coisas do mercado. Em compensação, o Brasil foi invadido por gringos. Como a situação financeira está feia do outro lado da fronteira, os gringos que não vão para Europa, vêm para o Brasil. Até para serem vistos por europeus e outros compradores. Jogador fala tanto em contratos, dólares, comissões, compra e venda, debentures, overnight, que só falta usar cartola. Tem jogador que parece pizza: parte é parmegiana, outra napolitana e outra calabresa. Futebol que é bom só na Champions League.