Quando o grande artista é um criminoso

Wolfgang Beltracchi está solto, pintando e vai expor suas obras. E tem gente do mundo inteiro interessada em comprar. Não vai pagar grana preta, mas vai comprar. Muitas pessoas podem ter ouvido falar em Wolfgang que nasceu em fevereiro de 1951 na Alemanha e se tornou o maior falsificador de obras de arte do mundo. Ele jogava na mão de qualquer colecionador um Max Ernst, Max Pechstein, Fernand Léger, André Derain, num piscar de olhos por uma boa grana. Ninguém duvidava da autenticidade. O cara era um grande artista na arte da falsificar. Com 14 anos, depois de aprender pintura com o pai ele pintava um Picasso de fazer Picasso cair o queixo. E ele não transitava só pelo expressionismo, surrealismo e cubismo.

Era bom no modernismo clássico e por boa grana produzia um Rembrandt, Vermmer ou Leonardo Da Vinci. O cara era tão bom que enganou reputadas galerias de arte do Mundo como a Christie’s ou Shoteby’s, que gastaram milhões em obras que venderam depois por preços muito elevados. Hoje devem estar em algum museu por aí. Com a ajuda da mulher Helen, Wolfgang fez fortuna. Ele tinha um álibi. Dizia que as obras vieram de uma colecionadora, que era a própria avó de Helen, que as comprou nos anos 30 do galerista Alfred Flechtheim. Mostrava fotos da época, com Helen fantasiada de colecionadora, no papel de sua avó. Ele fez isto durante 36 anos, pintou mais de 300 obras, a maioria está nos maiores museus e coleções do mundo.

Até que um dia ele caiu. Uma análise química do quadro Rotes Bild mit Pferden, de Heinrich Campendonk, de 1914, revelou que Wolfgang usou no quadro falsificado um pimento que não existia na época em que o original foi pintado. Era o branco titânio. Ele foi preso e condenado a seis anos enquanto a mulher foi condenada a quatro. Na cadeia, ele começou a pintar retrato dos presos e deixou de falsificar. Em janeiro deste ano Wolfgang foi libertado e agora está com exposição de suas obras. Que são feias, tristes e sem novidade. Resumindo, a sua grande arte era a de falsificar e não criar. O mundo perdeu um grande artista, o falsificador e ganhou mais um pintor medíocre. Tudo porque sua arte era criminosa. Não há nada perfeito no mundo. Inclusive o crime do Sr. Wolfgang.