Hoje às 17 horas, a Argélia joga como “dona da casa” contra a Rússia na Arena da Baixada. É o último jogo da primeira fase do Grupo H da Copa do Mundo de 2014. Na realidade, a primeira fase acaba hoje e aqui – e também em São Paulo, onde jogam Coréia do Sul e Bélgica. Se ainda tem partidas válidas pelas oitavas, quartas, semifinal e final da Copa do Brasil, elas vão acontecer longe de Curitiba. A Copa do Mundo termina hoje para a capital do Paraná, enquanto sede da competição, embora continue para todos os curitibanos e paranaenses que vão continuar sofrendo com a Seleção Brasileira, como qualquer outro brasileiro, até o fim – em qualquer fase que deixar de vencer.

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E vai ser uma despedida de gala, quem diria! Tem tudo para ser a melhor partida das quatro programadas para a cidade. Todo mundo apostava as fichas no jogo Espanha contra a Austrália e quem for conferir a partida de hoje provavelmente vai testemunhar a classificação de uma seleção para as oitavas de final. Não é muita coisa, mas também não é pouca coisa. E vai ver ainda a seleção anfitriã da próxima Copa do Mundo, de 2018. Eu presumo que uma boa parte da torcida local será para a Argélia. É presunção. Primeiro porque os argelinos seriam teoricamente mais fracos, embora tivessem jogado um partidão contra a Coréia do Sul; depois, os russos são à maneira deles imperialistas e a região sul do Paraná está apinhada de ucranianos. Eles andam meio desgastados com os russos. O Christian, que é observador, viu adesivo de protesto num carro: “Rússia fora da Ucrânia, Rússia fora de Curitiba”. É só um carro. Mas fica o registro.

Não acho que isto seja relevante – podia ser pior, se houvesse uma centena ou mais de carros com o tal adesivo ou se por aqui tivesse uma colônia expressiva de chechenos. Por falar em Chechênia, eu tenho um amigo que prometeu torcer para a Rússia. Ele não é russo. Mas esperou a Copa do Mundo para ver de perto uma russa legítima, de preferência moscovita. Depois de ler Anna Karenina e ver o filme Dr. Jivago, ele ficou simplesmente fascinado pelas russas. Uma das melhores virtudes da internet, para ele, é poder ver fotos de russas lindas aos montes. E não estamos falando apenas de Maria Sharapova. Ele não descansa enquanto não ver uma russa de perto. Pode ser hoje.

E se não for, ele anunciou que planeja ver a próxima Copa do Mundo. Na Rússia. Aí não vai ter erro. Vai poder ficar na Praça Vermelha comendo pipoca e olhando quantas russas quiser. Só tem que tomar cuidado para não mexer com as moças. Primeiro porque não sabe falar russo. E, depois, por questão de reciprocidade. Eu vinha ontem de ônibus para o trabalho quando vi um cartaz no ônibus escrito em russo e português: “Respeitem nossas mulheres!”. Se a gente pede respeito, também tem que dar. Quanto ao jogo de hoje, eu não sei como é o grito de guerra russo nos estádios, para incentivar a seleção. Mas eu ouvi o grito dos argelinos. Eles são bem animados.

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Foi o Carlos Bório quem me disse que enquanto a torcida argelina gritava no jogo contra a Bélgica no Mineirão: “One, two, three! Let’s go, Argelie”, a torcida brasileira no estádio, gaiata que só ela, engrossava o coro de apoio aos argelinos, mas mudando um pouco a frase: “One, two, three! Vamos tirar a lingerie!”. Os argelinos que não conferiram a tradução acharam aquilo muito bacana. Curitiba é comportada talvez não vá pedir para ninguém tirar a lingerie hoje no estádio. Também, se a temperatura cair, será até imprudente. Talvez o grito de guerra ideal da torcida brasileira na Arena hoje na Baixada quando a partida estiver terminando seja: “One, two, three! A Copa do Mundo acabou por aqui”. E, se não der zebra de última hora, numa boa. Para quem esperava o fim do mundo, como diz o começo daquele samba, “Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar”, hoje vamos poder conferir, felizmente, que “o tal do mundo não se acabou”.