O tempo passa, o tempo voa, e os chupadores de dedão estão numa boa

Eu vi há tempo uma foto antiga de um garoto americano sentado sobre um barril com o dedão na boca. Garoto de uns 14 anos. Estava com cara de satisfeito e não se incomodava com expressão de censura. Algo, aliás, comum em chupadores de dedão em idade, vamos dizer assim, pouco avançada. Quando eu era criança havia muitos garotos e garotas que chupavam o dedão. O da mão, claro.

Eu achei que este hábito estivesse extinto ou em extinção. E pensei que fazia tempo que não via criança chupando o dedão. Não vejo porque não presto atenção, conclui depois de ler artigos que garantem que as crianças, pelo menos os bebês, ainda chupam o dedão. Pesquisando por aí fui informado de que o hábito continua em vigor. Uma pesquisa feita na Inglaterra sobre hábitos infantis entre 1.451 homens e mulheres constatou que a maioria chupou o dedão.

Uma organização inglesa foi a campo para saber se pessoas que hoje são jovens e adultos na infância chuparam o dedão. O resultado: 76 por cento admitiram que quando crianças tinham o hábito de chupar o dedão. Da mão, claro, embora alguns anormais também chupassem o dedão do pé. Até aí tudo bem. O que leva à constatação de que o velho hábito continua firme.

O mais interessante não foi isso. O mais interessante foi que 41 por cento responderam que, pelo menos uma vez, para matar a saudade, chuparam o dedão quando adulto. Doze por cento responderam que o fazem com frequência. Dez por cento responderam que ainda tem cobertozinho macio de edredon de quando eram crianças e 21 por cento disseram que não conseguiam dormir com a luz apagada, repetindo um hábito que tinham em criança de dormir com a luz acesa.

De todos eles o que foi considerado o mais preocupante foi o hábito de chupar o dedão, hábito que os pais tentam – ou tentavam – extirpar de todas as formas. No Brasil, na minha infância, as formas de repressão mais comuns ao hábito de chupar o dedão, que eu me lembre, foram botar pimenta malagueta ou cocô de galinha nos dedos. Quando a criança esquecia e levava à boca, era um tormento. Outro era amarrar as mãos nas costas.

Os especialistas informam que chupar o dedo pode ter efeito negativo sobre o desenvolvimento da mandíbula da criança. É um dos hábitos infantis que os médicos incentivam a criança a abandonar mais cedo possível. Depois que a criança cresceu, o único problema de continuar chupando o dedão é o de parecer um idiota. É o que eu presumo.