Como é que o Brasil e Felipão vão se virar para ganhar o jogo de hoje contra a Alemanha no Mineirão? Não tenho a menor ideia. O que eu tenho certeza é o seguinte: nem se a Fifa encomendasse a Hollywood uma semifinal como esta e encarregasse o cineasta Steven Spielberg de produzir um troço sensacional, ele seria capaz de fazer algo semelhante. Faltam apenas quatro jogos. Quatro equipes de primeira grandeza. Três campeões mundiais que juntos somam dez títulos mundiais. Mais a Holanda que chegou a três finais – ou seja, não será surpresa se atropelar a Argentina. Brasil e Alemanha já fizeram uma final sensacional em 2002. E agora se encontram nas semifinais. Coisa de louco! Que lembra título de um filme sobre circo que vi na infância e cujo nome era “O maior espetáculo da Terra”.  

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Concordo com quem diz que o risco de fiasco passou: eu vou torcer para o Brasil ganhar a taça pela sexta vez, naturalmente, como venho torcendo, embora com o coração na mão. Se ganhar, vou comemorar muito, porque se ganhar vai ser na base do coração na ponta da bota, vai ser na base de ripa na chulipa e muito pimba na gorduchinha. Sem Neymar e Thiago Silva não ficou impossível passar pela Alemanha, mas as coisas ficaram difíceis. Sem contar que coletivamente me parece que o time alemão é mais ajustado. No outro jogo temos uma Argentina que tropeça e vence aos trancos e barrancos: ela pode chegar a uma final depois de 24 anos. Aí vai ser um perereco.

Mas não vai ser fácil para los hermanos. Além de a Holanda ter um time acertado, com um líder em campo chamado Roben, tem no banco não um treinador de futebol, mas um autêntico macumbeiro esportivo. O que aquele Van Gaal fez contra a Costa Rica é para se vangloriar para o resto da vida: o sujeito inventou um goleiro para pegar pênaltis, numa decisão que nem o goleiro titular sabia. E deu certo: o gigante, espalhafatoso e provocador Krull fez a coisa certa, mas quem mexeu os pauzinhos foi o “macumbeiro” do Van Gaal. Que não fez tudo isto para dar vida mole para Messi & Cia. É por isso que eu tenho que concordar com quem diz que o risco de fiasco acabou: o título desta Copa vai estar em boas mãos, seja de quem for.

No caso holandês pode ser o primeiro título de uma seleção que há muito merece – com três vices. No caso argentino pode ser o primeiro título conquistado sem nenhuma suspeita – o de 1978 até hoje rende histórias que mais parecem coisas da Máfia e o de 1986 foi com a mão do Maradona. No caso do Brasil, será a chance de espantar de uma vez por todas o trauma de 1950 – ou colecionar mais um, embora torça pela primeira opção. E a Alemanha que chega entre os quatro finalistas desde 2002, pode, finalmente, conquistar o seu primeiro título em território americano. Aliás, será mais um tabu a ser quebrado por esta Copa, porque até hoje nenhum europeu ganhou a Copa nas Américas.

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São três jogos para ficar na história: os dois de hoje e amanhã e o de domingo, a grande decisão, porque a disputa pelo terceiro lugar é apenas um detalhe na grande festa. Por tudo isto, eu continuo sem prognóstico. Que vença o melhor, desde que no caso do jogo da Alemanha, seja o Brasil. Futebol é isso. É ganhar e comemorar ou perder e lamber as feridas. Eu acho que em qualquer situação temos que levar em conta as palavras do jornalista Juca Kfouri no final da noite de domingo: esta é uma Copa de grandes campeões. O Chile foi eliminado nas oitavas-de-final e foi recebido por milhares de pessoas em Santiago, porque apresentou futebol grandioso. Até a presidente Michelle Bachelet chamou a equipe ao Palácio La Moneda para recepcionar os heróis. Emocionante a imagem de milhares de argelinos ovacionando nas ruas a seleção que voltou para casa como vencedora, por peitar uma poderosa Alemanha. O mesmo se diz de Costa Rica e da Colômbia com desempenhos épicos. Até o Uruguai encontrou no mordedor Luisito Suárez o seu herói nacional. Estamos chegando ao final de uma das maiores – se não a maior copa de todos os tempos. Que merece o título de “O maior espetáculo da Terra”.