O primeiro foi Dalton Trevisan. Não lembro de outro antes dele a integrar a pequena e ilustre galeria de personagens que figuram no pedestal da toponímia humana de Curitiba. O Vampiro de Curitiba se tornou menos assustador e mais aristocrático, como distinção concedida por um rei invisível, a quem merece ser conhecido por um título nobiliárquico. Maior que Duque de Bragança, porque este tem sucessores e O Vampiro de Curitiba é único e intransferível.
No entanto, por merecimento ou esperteza, apareceram outros que incorporaram o “de Curitiba” à sua história. Eram títulos de menor expressão, como comendadores, viscondes e barões. E sem a ressonância e impacto do primeiro. Um foi O Arquiteto de Curitiba, que não se pronunciava isolado, mas que, mencionado, referia-se ao ex-prefeito Jaime Lerner, que se transformou em figura internacional pelas soluções urbanas dos anos 70 e 80.
Outro que saiu em reportagem na Folha de S. Paulo foi o colega de Tribuna do Paraná, já falecido, Cláudio Seto, que passou a ser conhecido como O Samurai de Curitiba, por difundir a cultura nipônica e introduzir no Brasil os mangás. Seto merece. Afinal, ele desenhou uma profusão de samurais em suas histórias. E parece que lutava com espadas, embora nunca andasse com uma para cima e para baixo.
Eu me espantei uma vez quando li na Folha de S. Paulo reportagem sobre o Valêncio Xavier, escritor e jornalista, que lançava livros pela Companhia das Letras e foi alçado ao pedestal da aristocracia que agrega a cidade ao nome. A reportagem com foto de Valêncio fazendo careta que certamente julgava assustadora era intitulada O Frankenstein de Curitiba. Como nos casos anteriores, o jornal explicava o porquê da distinção.
Tem o Polaco de Curitiba, que é Paulo Leminski. Mas seu nome espertamente superou o título. Talvez estes sejam os principais, embora possa haver outros. Dia destes fiquei cogitando que os candidatos a integrarem a reduzida e distinta galeria podem se esmerar em se destacarem em suas funções, quais forem, porque ainda existem títulos disponíveis para serem concedidos a quem merecer a láurea.
Quem vai querer integrar a Academia Paranaense de Letras Góticas ou o Sindicato do Crime Legislativo? Ninguém. O charme está na cidade. Com meus botões, pensei: “Quem será o felizardo a ser conhecido como O Lobisomem de Curitiba?”. É um título monstruoso e noturno. Vai ter que ralar muito. E fazer muito barulho. Afinal, uma distinção desta não cai do céu sem mais nem menos.