E julho chegou. Com frio e tudo. Julho é um mês especial na corrida espacial. Que um dia existiu e não existe mais. No próximo dia 20 vai fazer 45 anos que o homem pisou na Lua pela primeira vez. Foi às 22,56, horário da Costa Leste nos Estados Unidos – fim de tarde no Brasil. O astronauta americano Neil Armstrong entoou a frase célebre: “É um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”. Em Maringá, quando soube, meu avô Joaquim desdenhou: “Duvido que os americanos foram à Lua. Isto é invenção de cinema. Eles estão enganando o mundo”. Eu nem discuti porque quando ele achava que estava certo o assunto estava encerrado.

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Eu era jovem e otimista e acreditei: os americanos foram. Talvez porque gostava de ficção científica, talvez porque para mim não ia fazer diferença se foram ou não. O certo é que não duvidei. Durante muito tempo ouvi teorias conspiratórias de que o homem não foi à Lua. E me surpreendi ontem ao constatar que o mistério permanece em pé. Num artigo no UOL sobre o destino das bandeiras que os americanos deixaram no solo lunar, havia todo tipo de comentário. O assunto era as bandeiras: ainda estavam lá ou não? Todo mundo achava que iam virar pó por causa das condições adversas do satélite natural. Mas uma exploração feita à distância constatou que embora descoradas, as bandeiras ainda estão lá.

A ida do homem à Lua custou uma grana preta. E não deu retorno direto. O retorno indireto seriam as pesquisas de produtos que não seriam criados caso não fossem feitos investimentos pesados em pesquisas do programa Apollo. No entanto, lendo a matéria do UOL eu me deparo com uma informação espantosa: existe mais de 200 toneladas de lixo deixado pelo homem na superfície lunar. Ou seja, o homem nem conseguiu habitar a Lua e já polui o satélite. Imagine quando conseguir morar lá. Acaba com aquilo em duas décadas. Este lixo é formado por várias coisas: desde carcaças de sondas lunares e mochilas, até fezes e urina de astronautas. Eu fiquei chocado: o homem já mandou cocô pra Lua. Que coisa feia! E nojenta. O homem já faz com a Lua o que faz com terreno baldio na Terra.  

E fiquei também impressionado com comentários dos leitores. A velha suspeita de meu avô está viva. Um sujeito disse: “Até hoje não consigo entender como a Apollo conseguiu chegar na Lua. Ela é um misto de papel machê com alumínio. Como isso conseguiu chegar lá? Tem muito mistério nisso aí. Acho que nunca saberemos”. Um tal de Gilson, mandou bala: “Talvez nunca tenham ido. Talvez foi uma mentira bem contada. Vai saber!”. A discussão sobre a veracidade desta viagem correu solta para todos os lados. E pensei que fosse assunto superado. Mas, nada! Apesar de todo este tempo, o velho mistério continua. Ainda há gente que levanta dúvida quanto ao desfecho da viagem da Apollo 11 no distante mês de julho de 1969.

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O duro é que a corrida espacial não foi uma corrida científica – foi uma competição política. Foi um Atletiba ideológico. Os soviéticos saíram na frente botando Yuri Gagarin no espaço e os americanos precisavam empatar a coisa. Em jogo o título da temporada. Se alguém comprou o juiz, ninguém sabe. Mas, como num Atletiba, novos episódios estão por vir. O homem ainda não voltou à Lua porque é uma viagem cara e por enquanto não tem o que fazer por lá. Por enquanto. Diego Rosso Amâncio não tem dúvidas sobre o nosso retorno. E o motivo é simples: “A Lua está cheia de Hélio-3, o gás mágico que vai resolver todos os nossos problemas. Poucos metros dele abasteceriam cidades como Nova York por dias ou semanas. E a Lua é o lugar com maior quantidade de Hélio-3 que se conhece. Está tudo abaixo da superfície. Já existem pessoas bolando métodos de minerar esse hélio direto da Lua”. Eu só espero que antes disso, o homem tire o lixo que jogou na Lua e pare de jogar cocô de astronauta no nosso satélite. Se meu avô soubesse de uma coisa desta, ele podia nem acreditar, mas ia ficar bravo. O que é um paradoxo. Mas ele, sempre tinha razão.