O caso da mala preta com a morena fatal que embarcou no terminal Hauer

A morena de vestido azul curto entrou no Interbairros 2 no terminal Hauer com uma mala preta. Cabelos longos, lábios vermelhos e cara de fatal. Tipo que chama atenção. Sapatos altos, pernas longilineas, estilosa, óculos raibã. Sentou no último banco antes da última porta. O celular tocou, ela atendeu com voz sensual, suspeita e safada: “Entendido. Positivo. Deixa comigo”.

Jamil e Matias estavam de folga nos bancos do fundo, aqueles que ficam depois da última porta. Jamil olhou Matias. As pessoas entraram no ônibus, ocuparam os bancos, deixaram vago o lugar ao lado da morena. Jamil olhou Matias, que sussurrou: “Ali tem”. O telefone da morena tocou mais uma vez, ela atendeu, ouviu e disse as quatro palavras misteriosas e suspeitas: “Entendido. Positivo. Deixa comigo”.

O ônibus partiu. No caminho a morena atendia ao celular. No Capão da Imbuia Jamil e Matias esqueceram a folga, levantaram e abordaram a tipa. Eles mostraram as credenciais de policiais e intimaram: “Vamos dar uma volta, mocinha”. A moça se assustou: “Ficaram loucos? Eu não fiz nada”. Jamil disse: “Isto nós vamos descobrir. Se não fez melhor. Mas queremos saber o que tem aí na mala”.

Ela respondeu: “Aí tem meias”. Aquela era boa. Os policiais nunca ouviram desculpa tão esfarrapada. Jamil disse: “Se tem meias, abre a mala e mostre”. A morena obedeceu. Deitou na posição horizontal a mala que estava na posição vertical, puxou o zíper, abriu a tampa superior. Quando a mala abriu, apareceram muitos pares de meias brancas em pequenos bolos. Nesta altura todo mundo no fundo do ônibus acompanhava o desfecho do caso. Matias, boquiaberto, perguntou: “Quantas meias têm aí?”. A morena respondeu: “Uns trezentos pares”.

Jamil coçou o queixo. Algo estava errado: “Você é contrabandista de meias?”. Ela disse que não. Jamil perguntou: “De quem são as meias?”. Ela respondeu que eram do Edgard, irmão dela. Que não lavava meias e comprava novas. E quando acumulavam centenas de pares sujos alguém levava para a mãe lavar em sua casa no Hauer. Ela foi buscar as meias porque Edgard estava doente.

Faltava um detalhe: “Por que você fala Entendido. Positivo. Deixa comigo”. A morena disse: “Minhas amigas querem saber se eu vou ao aniversário de uma delas. Se for tenho que levar presente”. E foi assim que terminou o caso da mala preta. Ninguém riu porque rir das autoridades é falta de respeito. Jamil e Matias ficaram ali mesmo no Capão da Imbuia.

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