O cara que matou a esposa bonita para ficar com uma dona de 120 quilos

No dia 1 de junho de 1922, no fim da primavera, Floyd Horton se casou com Elta, um ano mais jovem. Ela era bonita e passou a se chamar Sra. Horton. Floyd Horton era loiro, alto, de voz rouca e lutou na Europa durante a primeira grande guerra. E agora com vinte e quatro anos se preparava para ser fazendeiro numa propriedade a doze quilômetros de Bedford, no condado de Taylor, Iowa, no meio-oeste americano. A região é verdejante em boa parte do ano e no inverno fica coberta de branco, não raro assolada em janeiro por tempestades de neve. O arredor é formado por um belo cenário de colinas e terras agrícolas. A maior parte das casas de Bedford era de madeira e uma vez por semana os agricultores deixavam as suas propriedades para para fazer compras na cidade. Bedford era o tipo de lugar que não despertava interesse de ninguém nos Estados Unidos e muito menos no resto do mundo.

Nos catorze anos seguintes àquela primavera, Horton foi fazendeiro e ocasionalmente se envolvia com outras mulheres. Era mulherengo inveterado. Um levantamento superficial feito por uma dupla de detetives constatou que ele se envolveu com pelo menos uma dúzia de garotas, apenas em Bedford, entre elas uma de treze anos. O sujeito não tinha limites. As fugas não abalaram o casamento com a Sra. Horton porque o marido era dissimulado. Durante todo este tempo o casal não teve filhos. No entanto, na metade do outono de 1935, no dia 1 de novembro, Floyd Horton, então com 38 anos, teve o que seu chamava à época de uma relação ilícita desta vez com a vizinha, a Sra. Anna Johnston, de também 38 anos, que morava a dois quilômetros da casa do galante fazendeiro. A mulher era famosa por ser bonachona e pesar 120 quilos. O marido da Sra. Johnston morrera em maio e ela se jogou num romance incendiário e destrutivo com Horton que durou poucas semanas e acabou por jogar os dois na penitenciária.

A Sra. Johnston confessou ficar muito excitada com o Sr. Horton e para tentar segurá-lo anunciou estar grávida. O amante pediu o divórcio a sua mulher. A Sra. Horton respondeu: “Eu não vou dar o divórcio”. Não se sabe quem teve a ideia do que ocorreu em seguida, mas o certo é que a Sra. Johnston no dia 23 de dezembro daquele mesmo ano comprou num armazém em Bedford uma quantidade de estricnina alegando que pretendia matar ratos em sua propriedade rural. Aquele veneno foi parar nas entranhas da Sra. Horton. Na noite de 14 para 15 de fevereiro de 1936, alegando estar com resfriado, a Sra. Horton pediu ao marido um remédio. Ele lhe deu duas cápsulas. A Sra. Elta Horton tomou o remédio e em seguida teve convulsões terríveis, vindo a morrer nas primeiras horas do dia seguinte. A temporada de tempestades de neve estava no fim, mas a região ainda estava coberta de branco quando Horton deixou a sua casa e correu para a casa da Srta. Anna Keemerw, que morava com a irmã a poucos metros da casa dos Horton. A Srta. Keemerw acordou, colocou vestido e empunhou um lampião a querosene para ver quem batia na porta. Ela abriu a porta e deu de cara com Floyd Horton. Ele entrou cambaleando, pálido e disse: “Ela está morta. A minha mulher está morta”.

A Srta. Keemerw indagou se ele tinha certeza. Horton disse que o coração de sua mulher parou de pulsar e o corpo estava frio. As irmãs Keemerw telefonaram para o Dr. Seth G. Walton, que chegou à casa de Horton acompanhado pela Sra. Johnston, para assinar o atestado de óbito sem o qual a Sra. Horton não podia ser enterrada. Tudo parecia encaminhar para uma tragédia rural que cairia no esquecimento. No entanto, o médico encontrou o corpo da mulher retorcido e os maxilares apertados. Ele não era otário. Aquilo estava estranho. Depois de olhar o cadáver com atenção ele disse com convicção que inquietou Horton: “Ela foi envenenada. Estou certo de que foi estricnina”. O médico disse que não era o primeiro caso de envenenamento que via. E por isso não tinha dúvidas: “Ela foi envenenada. Talvez intoxicação alimentar por comida enlatada. Mas se fosse apostar, eu diria que foi estricnina”.

O médico pediu para Horton relatar as últimas horas de sua mulher. Horton disse que eles jantaram por volta de sete horas, leram por duas horas e por volta das nove horas, como a Srta. Horton estava cansada, foram para a cama. Às dez e meia a Sra. Horton disse que estava se sentindo mal. “Ela disse que tinha f,rio nas pernas e nos braços e o coração batia de forma irregular”, disse Horton. Ele a levou para perto da lareira e por volta de uma hora da madrugada ela piorou, subitamente estremeceu e morreu nos braços do marido. O médico perguntou: “Ela não teve convulsões?” Horton disse que não viu nenhuma convulsão. O médico disse que não podia assinar atestado de óbito porque estava em dúvidas: “Ninguém morre sem motivo. E para mim este é um caso de estricnina”. O médico voltou a Bedford e relatou o caso para o legista Floyd Shum. “Os maxilares dela estão tão cerrados e as mãos tão apertadas que mal pude esticar os dedos”, disse ele.

(Leia a segunda e última parte no próximo sábado, 25 de julho, neste mesmo endereço)