Tudo começou quando abri a caixa de mensagens eletrônicas e encontrei a inusitada oferta: “Oi, querido, você está interessado em Bundas?”. Uma oferta desta à queima-roupa logo de manhã é para deixar o dia animado. Abri o e-mail e era uma amiga dizendo que vendeu a casa, mudou para apartamento e não tinha espaço para guardar a sua coleção de Bundas, revista de humor que Ziraldo editou nos anos 90. Perguntou se eu estava interessado.

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Na hora lembrei de minha Bundas. Eu também tive coleção. Era uma revista de humor, boa, mas Ziraldo não conseguiu viabilizá-la comercialmente e mandou Bundas para o espaço. E também fiquei com aquele monte de Bundas em casa e acabei doando, eu não me lembro se foi para uma amiga ou para uma biblioteca.

Eu sei que ganhei de um amigo, não me lembro se foi do Kal ou do finado Struett, uma coleção de O Pasquim, do número 1 ao 300. Também não tinha espaço para aquilo em casa e nos anos 80 doei acho que para a Universidade de Maringá. Um dos grandes problemas brasileiros de memória é a falta de espaço e de interesse por estas coisas. Por isso tenho grande simpatia pela Biblioteca Pública do Paraná que guarda tudo, microfilma e não deixa a história ir para o ralo do esgoto.

O caso da coleção de O Pasquim não sei como terminou, mas lembro que o funcionário coçou a cabeça diante daquele monte de jornais velhos, como tivesse acabado de ganhar um grande problema. Ele olhou os jornais e me olhou, como se eu fosse diretor da biblioteca da universidade e perguntou: “Onde vou colocar isso?”. Eu não sabia. E, pior, ele também não.

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Mas, de uns tempos para cá, saudoso das revistas e jornais antigos, eu compro exemplares de vários deles em sebos, quando o preço é convidativo e a revista contém algo que me interessa. Já comprei vários exemplares da Gazeta Esportiva Ilustrada, até revistas Grande Hotel, dos anos 50, andei comprando para verificar como eram diferentes as formas de tratamento gráfico, editorial e até comercial das antigas publicações com as atuais.

Eu não sei se estou interessado na Bundas de minha amiga. Não sei se tem espaço em casa para as Bundas dela. Mas não deixa de ser interessante guardar este tipo de publicação porque em alguns anos certamente não será encontrada e se tornará raridade. Ou, pior, se ninguém guardar Bundas com carinho, vai chegar um dia em que ninguém se lembrará que houve Bundas legal nos anos 90.

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