Este baixinho feio e papudo foi o rei do borogodó no século 20

Escrevi ontem sobre o amigo Salomão que morreu na semana passada e que em vida exercia um fascínio inexplicável sobre as mulheres. Outro amigo, Hiram de Holanda Jr, fez comentário apropriado sobre tipos como Salomão. Naturalmente como Hiram é sofisticado ele foi longe e alto e escreveu sobre Jean-Paul Sartre em termos não muito lisonjeiros, porém longe de injustos: “Se esse tribufu de teta, mais feio que bexiga lixa, conseguia pegar a gostosa da Simone de Beauvoir, tá provado que homem pega quem quiser. Só tem que ter borogodó”. Tribufu de teta é Jean-Paul Sartre. Baixinho, feio e metido a filosofar. Tudo bem que rede social aceita todo tipo de comentário. Mas a questão elementar é: o Hiram está errado?

Antes de entrar na questão, deve-se definir algo fundamental. Afinal de contas o que é “borogodó”? Para quem não sabe, borogodó é o “atrativo pessoal irresistível. Aquilo que não pode ser definido como beleza, charme, sensualidade ou sexualidade. Em suma, aquele algo mais que não tem descrição definida, não tem definição, causa fisiológica ou razão de ser. Ninguém sabe explicar, mas é indiscutivelmente algo que desperta o interesse de todos que estão à sua volta”. Todos, no presente caso, as mulheres. Então meus amigos, Hiram Holanda Jr. está absolutamente certo! Jean-Paul, assim como o Salomão, tinha um tremendo borogodó. Porque na linguagem da moçada de hoje, o baixinho era um pegador.

Diria mais que filósofo ou escritor, Jean-Paul Sartre foi o rei do borogodó no século 20. Hiram se concentrou em Simone de Beauvoir porque ele sempre teve enorme queda pelas ancas sinuosas e generosas da matrona do feminismo. Mas Simone está longe de ser a única Sartrete (se usarmos o neologismo que se consagrou para garotas que dançam para alguém apresentar o espetáculo, como Chacrinha fez com as Chacretes). O que dizer de Juliette Gréco que sussurrou no ouvido de Jean-Paul sensualmente: “Me fale coisas de amor. Me fale coisas suaves com o seu belo discurso. Meu coração não cansa de ouvir, desde que você sempre diga eu te amo”. E em francês que é mais gostoso. Até no Brasil ele fez estragos e partiu para cima duma bela pernambucana chamada Cristina Tavares. Jean-Paul era o rei do borogodó.