Em vez de mulher pelada, Playboy aposta no jornalismo e papo-cabeça

Revista de cabeceira de milhões de machos solitários pelo mundo afora durante décadas, por causa das musas nuas, a revista Playboy anuncia que não terá mais mulher pelada em suas páginas. É a maior reformulação da revista em 62 anos de história. Aí fica a pergunta: Playboy sem mulher pelada vai ser o quê? Vai ser diferente, claro.

A primeira Playboy em 1953, já vinha com a marca registrada: mulher pelada. E a primeira foi a Marilyn Monroe. A partir daí tiraram a roupa para nós através da revista, divinas como Jayne Mansfield, Kim Bassinger, Ursula Andress, Pamela Anderson, Farrah Fawcett, Madona, Raquel Welch, Sharon Stone, Drew Barrymore, Jessica Alba e mais algumas centenas, tudo de primeira.

Tinha marmanjo que comprava a Playboy e dizia para a patroa em casa que era por causa da entrevista com o Fernando Henrique Cardoso. A mulher ia pra cozinha e ele pro banheiro com Maitê Proença, Bruna Lombardi, Alcione Mazzeo, Christiani Torloni, Gal Costa, Lídia Brondi, Vera Fischer, Sônia Braga, Carla Camurati, Claudia Ohana que assustou o mundo com a sua mata atlântica, sem contar a Adriana Galisteu depilando a perseguida.

A mulher não acreditava, mas era mais fácil fingir que acreditava. Afinal, o sujeito não ia traí-la com um pedaço de papel colorido. Agora, uma coisa é certa: a revista embora trouxesse mulheres nuas sempre trouxe conteúdo inteligente, como boas entrevistas e ficção de grandes autores. É nisto que a Playboy vai apostar de agora em diante.

A Playboy liderou o movimento de liberação do corpo da mulher a partir de 1950 e agora sucumbe ao bicho que criou. Se em 1975, a revista publicava 5,6 milhões de exemplares, hoje não tem mais que 800 mil. Em compensação, o site da Playboy sem fotos de mulheres nuas pulou de 4 milhões para 16 milhões de acessos. E a idade média dos leitores baixou de 47 anos para 30.

Foi isto que ligou o sinal de alerta. A versão impressa vai focar em jornalismo investigativo, entrevistas com profundidade e na ficção. Sinal dos tempos. A decisão da Playboy vai causar rombo no mercado imobiliário. Quantas atrizes se despiram para comprar um apartamento ou casa para o velho pai? Acabou a mamata.

A Playboy foi atropelada pela internet e está se reinventando. Hoje se fosse publicar foto da Marilyn Monroe, em vez dela peladinha sobre uma cama com veludo vermelho, publicaria a atriz lendo Ulysses de James Joyce. Os tempos mudam. Nudez está virando coisa do passado.

 

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