Há dez dias mais ou menos minha garganta inflamou e peguei uma tosse seca. Fui a médica e ela me receitou quatro remédios. A impressão que eu tenho é que o negócio funcionou, porque a tosse seca foi embora e a garganta desinflamou. Mas, há três ou quatro dias, peguei uma virose. De derrubar cavalo de raça, que é bem alimentado. Fui a nocaute. Não conseguia andar cinquenta metros sem ficar cansado. Rosto doendo, tosse intensa. Não teve jeito. Não conseguia levantar da cama. Ninguém gosta de ficar doente, mas estas viroses são desconfortáveis e desagradáveis. É impressionante como elas conseguem deixar a gente no limite. A imagem mais comparável que existe para elas é a daquele boxeador arregaçado no ringue sem saber o que aconteceu.

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Não apenas. Elas são mutantes. Não adianta se defender de uma que a próxima vem mais forte. E na cama eu fiquei pensando: “Um dia vai vir uma virose destas que se não acabar com a humanidade, vai fazer um belo estrago”. Claro que eu sei que meu estado de desânimo contribui para pensamentos desta natureza. Mas também devemos considerar que estas viroses de caráter respiratório, cujos vírus ou bactérias de propagam pelo ar, são extremamente eficientes e arrasadoras. E não é preciso ir longe. A Gripe Espanhola não passou de um vírus virulento que em 1918 e 1919 matou 40 milhões de pessoas. Não é pouca coisa. Para se ter ideia, a Primeira Guerra Mundial, que foi um conflito devastador matou 10 milhões de pessoas.

A Gripe Espanhola contagiou 50 por cento da população mundial e chegou até a Amazônia. Foi o primeiro caso de globalização que se conheceu. E ela era terrivelmente democrática. Pegava qualquer um. Até o presidente do Brasil à época. Rodrigues Alves, ficou doente. E não só ele. O político paranaense Telêmaco Borba também pegou a Gripe Espanhola, além do futebolista que por muito tempo emprestou o nome ao estádio do Coritiba: Belfort Duarte. Portanto, meus temores não são assim injustificados. Hoje em dia como alto grau de urbanização e com a explosão demográfica ocorrida no século 20, um vírus com esta magnitude faria um estrago assustador. São pensamentos negativos, claro. A gente tem que ser otimista. Mas é a velha história, a pessoa só pensa em tais perigos quando vai a nocaute. E, naturalmente, não deixa de ficar preocupada.

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