Eu tenho uma amiga chamada Morgana Damiani que sabe Deus por qual motivo resolveu fazer curso de maquiagem. Se ela gosta de pintar e me pedisse opinião eu ia sugerir que fizesse curso de pintura na Faculdade de Artes do Paraná ou na Belas Artes. Mas gosto é gosto. E o de Morgana é sempre com um toque de exotismo. Ela, por exemplo, concluiu curso de dança flamenca e nem torce para o Flamengo. Trocadilho infame, mas as castanholas e o sapateado também são irritantes. Não para quem gosta, claro. Agora com o curso de maquiagem Morgana andou tirando fotos e calculando a geometria do rosto de um monte de amigos, incluindo o Jonatan Silva, cujo formato do rosto deixou-a perplexa: “O meu professor disse que ele tem rosto simétrico, com as distâncias equilibradas entre testa e sobrancelha e esta com a boca. Isto significa uma pessoa inteligente e sensível”.

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Como ela não me fotografou e não calculou a geometria de meu rosto escapei de ouvir algo que não me agradasse. No entanto, nunca deixei de perguntar: “O que esta menina vai fazer com o curso de maquiagem se o seu projeto pessoal não é abrir um salão de beleza ou entrar para o departamento de maquiagem da Central Globo de Produções?”. Não sei. Talvez seja uma forma de ampliar conhecimentos numa área totalmente nova. Assim como alguns amigos desandaram a fazer comidas extravagantes e agora dão conselhos de que vinho a gente deve tomar quando come macaxeira. Mas nada no mundo fica sem resposta. Esta semana descobri a finalidade do curso de maquiagem de Morgana. Foi o caminho mais curto para se transformar em musa da Guarda Municipal.

A coisa parece complicada, mas é simples. Ela se maquiou e se fotografou. A maquiagem era prova do curso. Ficou gata com toque fatal, do tipo daquelas donas que conquistam e depois liquidam sem piedade qualquer sujeito. O nome disto é femme fatale. Morgana ficou. Só que na hora de enviar as fotos ela não apertou o endereço do Grupo de Maquiagem em seu Whats App e as fotos foram parar no endereço abaixo, da Guarda Municipal. Foram dois segundos. Mas o estrago estava feito. Os caras ficaram impressionados com a aparição inesperada e a imagem de Morgana se reproduziu em centenas de endereços. Em poucos segundos o rosto de Morgana aparecia em celulares nos quatro cantos da cidade. Amigos zoaram. E quem não era amigo queria conhecer aquela dona com cara de dançarina de flamenco e expressão caliente. “Eu sabia que lábios vermelhos e olhar de gatinho ainda causavam comoção. Mas não pensei que fosse tanto”, disse a musa no fim da tarde quando já era uma repentina notoriedade urbana. 

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