O Dr. Seth G. Walton e o legista Floyd Shum conversaram com o xerife P. V. Lacy e com o procurador Roger Warin sobre as suspeitas a respeito de envenenamento no caso da morte da Sra. Horton. Os quatro foram para a propriedade do Sr. Horton. Shum propôs autópsia do corpo, mas o marido tentou impedir, alegando que era contra mutilação. No entanto, prevaleceu a vontade do xerife e do legista e pedaços do estomago, fígado, rim e vísceras da Sra. Horton foram retirados e enviados para serem examinados no departamento de química da Universidade de Iowa.

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Numa quinta-feira, dia 20 de fevereiro, o relatório chegou às mãos do xerife em Bedford. O resultado apontava que a Sra. Horton ingeriu uma quantidade de veneno suficiente para matar dois cavalos. Na mesma tarde, quando foi fazer a compra semanal na cidade, Horton foi informado pelo xerife Lacy do resultado dos exames. Horton foi levado para o distrito e contou a história para os detetives Com Ryan e Paul Gruber, do Departamento de Justiça do Estado de Iowa.

Os detetives foram para a propriedade de Horton e nada encontraram. Eles também foram falar com a Sra. Johnston. Nem um, nem outro, provocaram suspeita nos detetives. No entanto, o promotor Warin permaneceu na casa de Horton conversando com ele. Warin pediu para ver fotografias da mulher, para conferir se ela era uma de suas eleitoras. Horton pegou a bolsa da mulher. O promotor viu um pequeno pacote e perguntou: “O que é isso?”. Era o pacote de remédio que a Sra. Horton tomou para o resfriado. O pacote continha duas cápsulas vazias. E havia indícios de estricnina em seu interior. O mais surpreendente até aquele momento aconteceu.

Horton se apavorou: “Foi Anna. Ela esteve aqui depois que Elta morreu para colocar isto na bolsa e me colocar a culpa pela morte de minha mulher. Eu sou inocente!”. A inesperada reação de Horton impressionou o promotor. Ele tentou acalmar Horton que insistiu: “Anna matou minha mulher!”. Havia a certeza de que a Sra. Horton foi envenenada. Mas aquela era a primeira reação suspeita naquele caso.

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O detetive Gruber retornou à casa de Horton e disse para o promotor Warin que ele desconfiava que Horton e a Sra. Johnston eram amantes, apesar dos 120 quilos da mulher. “Ele deixava o cavalo no estábulo dela, a dois quilômetros de sua casa, quando poderia deixar no estábulo das irmãs Keemerw, mais perto”, disse. Quando soube da acusação feita por Horton, a Sra. Johnson desconfiou do comportamento do amante e se revoltou. Ela admitiu que os dois tinham relações ilícitas. “Eu queria divertir e ele era bom nisso. Ele sabia amar como ninguém. Nunca experimentei nada parecido em minha vida. Só de ficar perto dele eu ficava excitada”, admitiu sem temor de estar sendo cínica.

Depois da declaração, Horton foi obrigado a admitir que pelo menos três vezes mantivera relações íntimas com a Sra. Johnston: “Uma vez num hotel de Corning, outra num hotel de Maryville e outra na casa dela. Ela me fascinou. Eu fiquei dominado pela paixão”. Mas os detetives provaram que foi muito mais que isso. Quanto à estricnina na cápsula de remédio da Sra. Horton, nunca se chegou a um consenso: Horton disse que foi a amante quem colocou o veneno no remédio que sua esposa tomou e a viúva disse que foi ele. O certo é que a Sra. Elta Horton tomou duas cápsulas e morreu. Ela estava com 37 anos.

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No dia 22 de fevereiro, sábado, os dois foram detidos e levados para a cadeia de Bedford. O julgamento aconteceu no dia 24 de março, terça-feira. O promotor Roger Warin pediu pena de morte para os acusados, alegando que quebraram três mandamentos: “Não matarás, Não farás adultério e Não dirás falsos testemunhos”. Pelas leis do Estado de Iowa, Horton e a Sra. Johnston deviam ser pendurados na forca até se comprovar que não respiravam mais. No dia 4 de abril de 1936, um sábado, o Globo Gazette de Mason City noticiou: “Fazendeiro é culpado de assassinar a esposa”. O advogado de defesa Homer S. Stephens fez o que pode para tirar o pescoço de Horton da forca, mas não conseguiu evitar que os doze jurados, onze homens e uma mulher, aplicassem pena de prisão perpétua. A Sra. Johnston recebeu a mesma pena.

O juiz distrital Homer A. Fuller não aceitou pedido de novo julgamento. O xerife Joe Perry revelo,u que quando soube da pena, Floyd Horton tentou se matar, sem sucesso quando era levado para a cadeia do condado de Pattawattmie. Na penitenciária de Fort Madison Horton recebeu o número 17.226 em seu uniforme de condenado. A Sra. Johnston foi para o Reformatório de Mulheres de Rockwell. Ao fim do caso, o juiz Homer A. Fuller suspirou e disse: “Bem, é isso!”. E foi assim que a pacata Bedford ficou conhecida nos Estados Unidos e também em outros países, não como um belo e pacato lugar, mas como palco de um crime hediondo. A edição dominical do Chicago Tribune de 5 de abril de 1936 chamou Loyd Horton de “O Casanova do Milharal”. Nos dias de hoje, Bedford ainda está lá, em Iowa, bem na fronteira com o Missouri. Sua população é cada vez menor. Mas, no inverno, a terra se cobre de branco e depois de dezembro a região é açoitada por tempestades de neve.

FIM

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