Arquimedes e a natural ação dos flatos para o alívio humano

Arquimedes foi em direção de Isaufo na Rua XV com um sorriso enorme e quando se aproximou disse: “Rapaz, andei contando os meus puns e conclui que solto de oito a dez por dia”. Isaufo achou o tema escatológico e estranhou o sorriso porque uma das coisas mais bizarras nos seres humanos, principalmente masculinos, é o orgulho pelos puns que solta. Os macacos também adoram soltar puns. Existe até razão de ordem física: cada pum que o sujeito solta ele se sente aliviado, menos gases no estômago, que em casos agudos provocam cólicas insuportáveis. Embora seja coisa até necessária, a grande verdade é que socialmente pum não é assunto popular, além de aromaticamente polêmico. E sua emissão é ainda mais constrangedora principalmente se tiver alguém perto ou ouvindo e esta pessoa não estiver gripada.

No entanto, Arquimedes, que é hipocondríaco de carteirinha, explicou que andou recorrendo a este novo médico maluco que se instalou na casa de todos os brasileiros e de resto de todas as pessoas no mundo que tem um computador: a internet. Ela já de há bom tempo desandou a dar conselhos de ordem médica que deixam muitos médicos de cabelo em pé ou com a pulga atrás da orelha. No presente caso, Arquimedes leu tanto sobre pum que virou punlogista se é que existe a coisa. Ele disse já num tom doutoral que ocorre a muitos hipocondríacos: “O máximo de pum que um sujeito pode soltar por dia é 25. Nunca mais que 25. Porque se isto acontecer a pessoa está sofrendo de um problema de ordem gastrointestinal”. E sublinhou como fosse médico: “Provavelmente uma distensão abdominal ou um claro sintoma de flatulência excessiva causada por ingestão descuidada de alimentos”.

Isaulfo ficou impressionado. Arquimedes ainda disse cheio de pompa: “Você sabe que corretamente o ato de soltar pum se chama flatulência ou aerofagia?”. Ainda bestificado com a erudição inoportuna Isaufo disse que sabia. Então o outro disse para Isaufo fiscalizar a sua emissão diária de puns para não ser surpreendido, por exemplo, por um supercrescimento bacteriano no intestino delgado. Isaufo duvidava que Arquimedes soubesse o que era aquilo. Mas ele disse como manjasse da coisa. E a título de despedida ele perguntou: “Você sabe quantos puns você solta por dia?”. Isaufo disse que nunca contou. E sinceramente não pretendia contar, embora acreditasse que não chegasse à metade do número critico citado por Arquimedes. Quando o amigo foi embora, Isaufo ficou tão aliviado, como se tivesse soltado um daqueles puns trovejantes no meio de um descampado sem ninguém por perto e que assustam até as vacas. Cada uma!