Algumas considerações iniciais sobre Picasso, fumo e charutos

Eu peguei o Jardim Chaparral em direção à Praça Tiradentes. Fiquei olhando pela janela e pensando que na noite anterior li e vi um livro de fotografias sobre Pablo Picasso chamado “Viva Picasso”. Do fotógrafo americano David Douglas Duncan, que foi amigo de Robert Capa, um dos mais célebres fotógrafos de guerra. O livro é bacana e registra a intimidade dos últimos 17 anos do grande pintor espanhol com a sua última mulher Jacqueline Roque, que o adorava de forma doentia e o chamava de “Meu Senhor”. O pintor a conheceu quando ela tinha 26 anos e ele 71. Viveram juntos até a morte. Dele. Apesar de Picasso ter deixado para ela uma fortuna de 250 milhões de dólares, ela se suicidou em 1986 com um tiro na cabeça. Coisa de louco!

Tudo bem. Voltando ao livro, impressiona a vitalidade de Picasso mesmo octogenário ou aos 90 anos. E um detalhe: em várias fotos, o pintor está com cigarro entre os dedos. A impressão que passa era que ele pintava, comia e fumava. E, de vez em quando, fazia gracinhas para os fotógrafos. Eu fui atraído por este detalhe: o fumo. “Picasso tragava os cigarros que fumava?”. Porque se o cigarro faz tanto mal à saúde e não vou colocar em dúvida, porque tenho exemplos suficientes para concluir que faz, por que Picasso fumou até seus últimos anos e nunca teve doença decorrente do fumo? Parece espantoso e desmoraliza qualquer tratado sobre os malefícios do cigarro. Depois eu me lembrei do simpático e sorridente William Jefferson Blythe III, também conhecido por Bill Clinton.

Clinton, aquele pândego, levou todo o mundo, literalmente, a gargalhar quando ainda presidente dos Estados Unidos admitiu que fumou maconha: “Fumei, mas não traguei”, disse o traquina, na maior cara de pau. Ou seja, ele estava no time do Bob Marley, mas não gostava de reggae. É mais ou menos a história da dona que foi ao motel com um sujeito e flagrada pelo marido na saída, disse com a maior seriedade do mundo: “Eu estive lá dentro, mas não aconteceu nada de mais”. O diacho são as evidências: elas conspiram contra o que estas pessoas falam. Nesta área, Clinton entrou em outra esparrela quando deu um charuto para Monica Samille Lewinsky fumar. E ficou a enorme dúvida: ela fumou, mas tragou ou não? E antes de chegar à Praça Tiradentes uma ideia incendiária ligada ao fumo me ocorreu: o isqueiro, item básico do século 20, praticamente foi extinto. Que coisa!