Se eu tivesse que dizer algo sereno para a Seleção Brasileira hoje antes do jogo do Brasil contra a Colômbia, eu diria para o técnico Luís Felipe Scolari, o Felipão, que é o comandante do time nacional: “Abra os olhos Felipão, que a vaca está indo pro brejo!”. Felipão não joga, mas é sobre os ombros dele que pesa a responsabilidade de organizar o time. E o time do Brasil até agora na Copa se arrasta e chora: venceu duas, empatou duas e não convenceu. Para ter um parâmetro, basta dizer que na última Copa em que Felipão dirigiu o Brasil, em 2002, o time brasileiro venceu as sete partidas. Sem choro, nem vela. E para não ir longe, na Copa das Confederações, no ano passado, o Brasil atropelou todo mundo jogando bem, vencendo e convencendo.

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O meu amigo Marcos Brecher chegou para mim ontem com uma lista de bolão e eu disse: “Tô fora!”. Ele se assustou. O veterano ponta-direita do glorioso Vasco da Gama do Água Verde, Jorginho, ao meu lado arregalou os olhos: “Que é isso, Copa do Mundo só de quatro em quatro anos! Faça uma apostinha!”. Eu não fiz porque eu não tenho palpite para o jogo de hoje. É simples. E mais: não tenho a menor convicção. O Eduardo Santana disse: “Você é um profeta do Apocalipse! O Brasil vai ganhar de 2 a 0”. No futebol, por mais que o sujeito goste de um time, ele tem que agir como um financista na Bolsa de Valores. Não se iludir. Claro que o Brasil pode ganhar numa boa. Mas o certo é que até agora a Colômbia está jogando bem e com alegria e o Brasil está jogando mal e com tristeza. Pior, chora em campo, enquanto a Colômbia dança e se requebra.

Dá para ficar tranquilo? Eu não estou. Eu perguntei para o Cahuê Miranda: “O que você acha que vai acontecer amanhã (hoje)? Será que vai dar?”. Cahuê que é otimista inveterado respondeu angustiado: “Tem que dar!”. Jorginho emendou: “O Brasil vai passar por cima”. Ele respondeu tão confiante que nem me olhou nos olhos. E o Cristian que é mais pragmático, mordeu a ponta do crachá e resmungou: “Copa do Mundo não é fácil, tio!”. Com um ambiente deste não dá para arriscar. E olha que fui ousado e vitorioso na primeira fase: arrisquei dois palpites e fui bem. Apostei que o Brasil passava pela Croácia por 3 a 2. Em mais uma aposta cravei 3 a 1. Acertei a segunda e na primeira acertei o número de gols do Brasil.

Isto é resultado de uma mistura de otimismo e racionalidade depois de observar o ambiente. Um ou dois dias antes de a Copa começar, eu fui almoçar no restaurante de Dona Carmem. Ela me disse: “Sr. Edilson, faça um palpite para a goleada com o maior número de gols na primeira fase da Copa do Mundo”. Eu pensei dois segundos e mandei bala: “5 a 2, Dona Carmem!”. Eu tinha até esquecido do palpite depois de tantos jogos. Quando eu fui almoçar ontem, ela me avisou: “O senhor tem direito a dois almoços, pois foi o vencedor do bolão dos palpites da goleada com maior número de gols na primeira fase”. Mas, para hoje, não sei o que dizer. A não ser isso: a vaca tá andando de um jeito estranho, parece meio bêbada e o brejo está bem ao lado. Se ela bobear ou escorregar, vai pro brejo.

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E só uma pessoa pode mudar isto: o técnico Felipão. Porque de Neymar não se pode pedir mais do que ele fez e está fazendo. Todos os times mostram certa organização tática, menos o Brasil. Além do mais, esta Copa tem grande equilíbrio. Um equilíbrio assustador. A Suíça quase despachou a Argentina e a Argélia quase mandou a Alemanha de volta para casa. E alguns times jogam uma bola redonda, como Holanda, França e Colômbia. Não dá para apelar para o papa, que é argentino. E se no desespero alguém pedir: “Meu Deus do céu, ajude a seleção amarela”. Ele vai perguntar: “Qual das duas?”. Eu sei que Felipão fez promessa para Nossa Senhora do Caravaggio, mas não podemos esquecer que Nossa Senhora de Chiquinquirá, é rainha e padroeira da Colômbia. Até nisso tem equilíbrio. Milhares de brasileiros vão estar hoje no Castelão. Milhares de colombianos também. Entenderam o drama?, É por isso que vou torcer como sempre, mas eu não tenho palpite.