A Gazeta do Povo em sua manchete de terça-feira revela algo que devia assustar: “Em menos de 2 meses Dilma e Beto rasgam discursos de campanha”. Dilma disse que não ia tomar medidas impopulares na economia e foi o que fez e Beto Richa disse que o estado tinha dinheiro e o Paraná está quebrado. E quem quebrou foi ele. Resumindo, os dois mentiram. Neste escândalo da Petrobrás a única verdade é que a corrupção existe e não é nova. Já existia no tempo de Fernando Henrique Cardoso. O jornalista Paulo Francis denunciou e foi processado. Por conta do processo, Francis morreu de infarto. Mudam-se as moscas, mas o excremento continua. Ou seria muda-se o excremento e as moscas continuam? Não sei. Só sei que abundam canalhas em ambos os lados.

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E ambos os lados estão cheios de asseclas que veem defeitos alheios e nunca os próprios. E que mentem adoidados. Alguém pode achar que acordei revoltado. Não. Neste Carnaval eu comprei um livro sobre a Segunda Guerra Mundial. Sobre as origens do conflito, as primeiras invasões nazistas, o caso da Polônia trucidada em poucos dias. Enquanto os nazistas de Adolf Hitler ficavam com um naco da Polônia, os comunistas de Josef Stalin abocanhavam o outro. Um lado odiando o outro, mas se entendendo na hora de devorar a Polônia. Ao fim do conflito, cerca de 280 mil soldados poloneses foram aprisionados, além de milhares de civis. Isto é história. Enquanto as tropas de Hitler faziam estragos num lado, os soviéticos faziam em outro, aprisionando em campos de concentração entre 250 mil e 454 mil pessoas. Cada um matando em sua área.

O certo é que num belo dia 25 mil pessoas desapareceram na Floresta Katyn, na fronteira com a Rússia, Ucrânia e Bielorrússia. Os nazistas não eram flor que se cheirasse e mataram milhares de civis e militares, principalmente professores, intelectuais, tudo que representasse ameaça. Em 1943 eles descobriram valas da Floresta Katyn e chamaram testemunhas polonesas e prisioneiros ingleses para mostrar que aquilo não foi feito por eles. Mas pelos russos. Claro que também estavam matando milhares em campos naquele momento. Mas não naquele caso. Os russos disseram que não foi obra deles, mas dos nazistas. Os governos inglês e americano tiveram provas de que foram os russos, mas esconderam as provas. A Rússia era aliada contra os alemães: aliado não tem defeito, inimigo não tem qualidade.

A União Soviética continuou negando até um dia aparecer um sujeito decente por lá chamado Mikhail Gorbachev que disse: “Foi verdade. Josef Stalin autorizou a morte de milhares de poloneses na Floresta de Katyn”. Mas até a verdade aparecer, os soviéticos mentiram, os americanos fingiram e os ingleses ignoraram. A verdade aparece quando ninguém sabe mais para o que ela serve. A verdade é que no dia 5 de março de 1940, o chefe da NKVD, Lavrentiy Pavlovich Beria, com experiência de comandar expurgos que mataram centenas de milhares de pessoas na União Soviética para consolidar o poder de Josef Stalin, mandou recado ao chefe pedindo autorização para assassinar 25.700 pessoas.

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Stalin se reuniu com Vyacheslav Molotov, Kliment Voroshilov e Anastas Mikoyan que autorizaram. Entre os que morreram estavam um almirante, dois generais, 24 coronéis, 79 tenentes-coronéis, 258 majores, 654 capitães, 17 capitães de marinha, 3.420 suboficiais, sete capelães, três fazendeiros, um príncipe, 43 oficiais de forças diversas, 85 soldados, 131 refugiados, 20 professores universitários, 300 médicos, centenas de advogados, engenheiros e mais de 100 jornalistas e escritores, assim como 200 pilotos da força aérea. A NKVD eliminou mais da metade dos oficiais poloneses. Se somados massacres em outras áreas, foram executados catorze generais. E por que isso? Porque eram treinados, competentes e poderiam no futuro representar oposição às intenções russas de dominar a Polônia. O mais interessante é que a verdade por décadas foi jogada para baixo do tapete. Porque a mentira é a mãe dos políticos. Eles mentem como quem respira. Naturalmente. E nós estamos vendo isto. Neste momento.