Alta, olhos verdes e cabelos castanhos. A chilena Rosita Serrano foi uma grande diva europeia dos anos 30. A sua vida dá um belo filme. Filha de Sofia Del Campo, soprano chilena, Maria Esther Aldunate Del Campo, segundo afirmou em algumas entrevistas, tinha um nome ainda mais longo: Sofia Maria Esther Del Carmen Rosário Celia Aldunate Del Campo. No entanto, ela ficou conhecida como “O Rouxinol Chileno”. Nascida em Viña Del Mar, passou parte da infância, os melhores, na casa de amigos de sua mãe, em Quilpué. Entre 1929 e 1930, veio ao Brasil e no Rio de Janeiro se casou Carlos Villegas Matthews, filho de diplomata, de quem se separou em seguida. A carreira internacional de Rosita começou no Brasil com o nome artístico de “A Chileninha”. Foi no Rio que ela teve a ideia de usar o nome de Rosita Serrano, da filha de amigos de Quilpué.

continua após a publicidade

E com este nome chegou a Lisboa para temporada na Rádio Nacional. Pouco se sabe dela entre os anos de 1931 a 1935. Ela teria viajado por cidades europeias e do Oriente e se casado com um funcionário da multinacional Remington. O certo é que em 1936, está em Berlim e se apresenta no Wintergarten Varieté, casa de espetáculos da capital alemã. O compositor Michael Jary estava na plateia, se encantou por Rosita e passou a escrever para ela canções que viraram sucessos populares como “Roter Mohn”, “Der Onkel Jonathan”, “Der Kleine Liebesvogel”, “Oi Madame”, que Rosita apresentava no cabaré e depois faturava alto em discos. Os filmes foram consequência. Rosita ficou tão famosa quanto Zarah Leander, Lale Andersen, Marika Rökk e Evelyn Künneke. No entanto, seu contrato com o Wintergarten Varieté a obrigava a se apresentar uma vez por semana por 40 marcos enquanto ela ganhava até 800 marcos por apresentação em Paris. Ninguém chega ao topo sem fazer concessões.

A chilena se apresentou no Estádio Olímpico de Berlim para 75 mil pessoas. Por seu envolvimento com os nazistas ficou conhecida como “A Preferida do Terceiro Reich”. Era admirada pelos soldados e oficiais alemães. Estava no auge, ganhava muito dinheiro e tinha privilégios. Levava estilo de vida oposto ao de mulher ideal preconizado pelos nazistas – mãe e dona de casa. Ela era independente, autônoma, extravagante, fumava em público e dirigia automóvel. E quando a guerra começou veio cobrança. Rosita estava com 25 anos e se apresentou para tropas nas frentes de batalha. Em 1943, quando a capital alemã começou a receber bombardeios aéreos em massa, ela caiu fora de Berlim e foi para a Suécia. E quando a guerra terminou, não repetiu o sucesso de antes da guerra.

Em seguida Rosita se casou com o franco-judeu Jean Aghion, filho do Rei do Algodão e dono de fábrica de cristais, com quem foi morar em Alexandria. Embora fosse sefardita, Aghion era cristão copta. A ascensão de Gamal Abdel Nasser ao poder no Egito em 1954 foi danosa para as finanças de Aghion, que teria ficado com 70 milhnões de dólares congelados em bancos egipcios. Este dinheiro nunca foi liberado. Quando Aghion morreu nos anos 70, Rosita voltou para o Chile e foi morar numa pequena casa na Calle Catedral esquina com San Martin. A diva morreu de broncopneumonia num domingo, às 16h20, no dia 6 de abril de 1997, esquecida e pobre. O seu corpo foi cremado e suas cinzas, atendendo a seu último pedido, foram espalhadas por Quilpué.

continua após a publicidade

Confira “Roter Mohn”, uma das canções de Rosita Serrano, no link abaixo:

continua após a publicidade