Não há quem não tenha caminhado pelo centro de Curitiba e não tenha perambulado pela região da Praça Tiradentes. É neste ponto que existe uma estrutura que representa o poder legalmente constituído do governo português e a caracterização de Curitiba como vila, em 29 de março de 1693. Foi ali, portanto, o ponto de início do desenvolvimento da capital paranaense.
Os garimpeiros que vinham até essa região não fixavam residência. Os poucos que optavam por se estabelecer na localidade estabeleciam-se na pequena povoação de nome “Vilinha”, localizada nas margens do rio Atuba. No local foram construídas algumas palhoças.
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O historiador Ruy Wachowicz escreve que um membro da família Soares do Valle, tradicional na província de São Paulo, teria se desentendido com o governo local e acabou embrenhando fuga em direção ao atual município de Curitiba. Estabeleceu-se ali com a esposa e filhos, justamente às margens do rio Atuba.
Provavelmente por causa da umidade da região, os moradores da Vilinha resolveram escolher outro ponto para se instalar. Conta uma antiga lenda que para manter uma boa relação com os indígenas que habitavam a região, esses primeiros e incipientes povoadores convidaram um cacique indígena para indicar-lhes o local mais apropriado.
“Depois de procurar demoradamente um bom lugar, fincou uma vara no chão, dizendo: Coré-etuba, isto é, muito pinhão aqui. Desta expressão do cacique Tingui surgiria o nome da futura capital dos paranaenses”, escreve Wachowicz.
Não há comprovação histórica que ateste a veracidade desta lenda. No entanto, o fato é que muitos povoadores começaram a se interessar pela localidade. Motivados, sobretudo, pela exploração de ouro e, também, para prear índios para servirem de escravos. Porém, essas bandeiras passavam sem deixar povoadores.
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Apenas um ou outro era atraído – foi o que aconteceu com os primeiros “moradores” portugueses da futura Curitiba, o bandeirante Baltazar Carrasco do Reis e Mateus Leme. O historiador Renato Mocellin faz uma ressalva: não há uma unanimidade quando se fala que Coré-etuba signifique de fato “muito pinhão”.
“Há pesquisadores que discordam dessa versão”. Um desses autores é Francisco Filipak, escritor, linguista e professor brasileiro, membro da Academia Paranaense de Letras, que faleceu em 2010. “A tradução correta de ‘Coré-etuba’ é coré: porco + tuba,duba: bastante; bastante porco… foi este o sentido que o nativo teria dado às suas palavras.
Mocellin atesta que na região proliferavam os catetos, ou seja, porcos-do-mato.
“De qualquer forma, houve a mudança. Se a história contada pela tradição estiver certa, o tal Cacique, cujo nome não sabemos, deu uma indicação preciosa para aqueles desanimados povoadores. Local seco, alto, tendo nas proximidades dois rios: o Belém e o Ivo”, afirma Mocellin
. Foi a partir deste ponto – com um incipiente e irregular núcleo populacional – que se irradiou o início do desenvolvimento de Curitiba.