Explosão de navio Paraná pôs Brasil e Curitiba na 1ª Guerra Mundial

Primeira Guerra Mundial afetou rotina dos moradores de Curitiba. Foto: Pixabay

Há 110 anos, o mundo entrava em guerra. Em julho de 1914, acontecia a declaração de guerra da Áustria à Sérvia, dando início ao conflito que se estendeu até 1918. Em 1º de agosto de 1914, a Alemanha e a Rússia declararam guerra uma à outra. A França mobilizou suas tropas. As primeiras unidades do exército germânico atravessam a fronteira com Luxemburgo em preparação para a invasão alemã da França.

Durante os três dias subsequentes, a Rússia, a França, a Bélgica e o Reino Unido alinham-se contra a Áustria e a Alemanha enquanto o exército alemão invade a Bélgica. Era o início da Primeira Guerra Mundial.

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Enquanto o conflito, que durou de 1914 a 1918, deixava um total de nove milhões de combatentes mortos, os brasileiros conviviam com incertezas e com um profundo mal-estar provocado pela Grande Guerra.

Após o corte de relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha, cidades como Santos, São Paulo, Porto Alegre e Curitiba presenciaram dezenas de conflitos que tinham como alvos estabelecimentos comerciais, residências, fábricas e instituições pertencentes a pessoas de origem germânica. A população alemã manifestava suas tradições em cultos, clubes, escolas e imprensa em idioma alemão.

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Na capital paranaense as multidões nas ruas gritavam ‘Morra Alemanha’, ‘Morram os alemães’. A sede do jornal católico alemão ‘Der Kompass’ foi apedrejada, invadida e parcialmente queimada.

Até 1917, o Brasil estava neutro no conflito, mas a situação mudou em abril daquele ano. No dia 5, submarinos alemães torpedearam o navio mercante da frota brasileira “Paraná” (não há registros de que o navio tenha ligação com o estado) que estava próximo à costa francesa.

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No dia 11 de abril, o governo brasileiro decretou o rompimento das relações com a Alemanha e, no dia 26 de outubro, depois de perder outro navio, denominado “Macau”, o país aliou-se ao grupo dos Aliados declarando guerra à Alemanha.

Chegou-se a ser promulgada a Lei de Guerra, que proibiu publicações em língua alemã no Brasil – ampliando as agressões e manifestações contra imigrantes e descendentes germânicos no país.

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Os aliados eram formados por Rússia, Grã-Bretanha e França, que ao longo do conflito contaram com o apoio da Itália, Estados Unidos e Brasil. Do outro lado, o bloco era formado pelas chamadas Potências Centrais, que contavam com a Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bulgária.

Curitiba viu colégios e associações como o Thalia, a Sociedade dos Operários Alemães e a Sociedade Teuto-Brasileira serem apedrejadas e terem os pertences ligados à Alemanha, como bandeiras, saqueados. Esses objetos foram entulhados na Rua XV de Novembro onde uma imensa fogueira queimava os símbolos do país.

A guerra atingiu o cotidiano das pessoas: nas padarias, nas ruas, na igreja, nas escolas, nos bailes e bares o conflito mundial se tornou assunto comum e motivo de desavenças entre os próprios moradores. No dia 30 de abril de 1917 o jornal Diário da Tarde noticiou que em uma padaria da capital um descendente germânico e um brasileiro trocaram socos motivados pela I Guerra.

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No dia 16, o mesmo jornal publicou que “dois alemães, nas proximidades da Penitenciária do Ahú, davam tiros para o ar, armados de carabina, dando ‘morras’ ao Brasil e ‘vivas’ à Alemanha”. O mesmo periódico reproduziu um artigo no dia 28 de abril sob o título “O Paraná não germaniza”, afirmando que os alemães tinham o “defeito de não se misturarem”, mas eram “trabalhadores, ordeiros e progressistas”.

Os governos regionais, seguindo determinação do governo federal, registraram os alemães em seus estados e obrigaram que escolas e associações retirassem quadros e imagens que pudessem sinalizar apoio à Alemanha. Entre 1917 e 1918, o Paraná registrou 1.196 alemães – sendo 549 em Curitiba.

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Escolas, jornais e associações foram fechados. Os alemães e seus descendentes que habitavam a cidade foram obrigados a procurar as autoridades para se registrarem e só poderiam deixar o estado depois de concedido um pedido de salvo-conduto. Falar alemão em público havia se tornado perigoso.

A guerra também fazia suas vítimas em solo curitibano. Apenas com o fim do conflito é que a situação começou a ser pacificada.

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