Curitiba, as origens!

Garimpeiros ajudaram a criar Curitiba. Foto: IA / Bing

As origens de Curitiba se confundem com a descoberta de ouro no litoral paranaense. Ainda no século 17, a região do primeiro planalto do estado era tomada por garimpeiros e aventureiros – motivados pela ganância – que viviam em abrigos improvisados cobertos por folhas na tentativa de faiscar ouro por essas bandas.

Além deles, os tupis-guaranis marcavam presença na localidade. Nunca é demais lembrar que antes de qualquer colonizador ou imigrante pisar em terras brasileiras, esse solo já era ocupado e habitado por diversas etnias indígenas.

Os garimpeiros eram organizados pelo Administrador de Minas nos Distritos do Sul do Brasil, Eleodoro Ébano Pereira, que – inclusive – manifestou oficialmente em 1651 às autoridades portuguesas a existência de ouro na região, conforme consta em livro do historiador Júlio Estrella Moreira.

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Nessa época, Pereira era o único representante das autoridades governamentais na localidade que atualmente corresponde a Curitiba. Apesar de ser um emissário do governo, ele não era propriamente um povoador nomeado pela Coroa lusitana. Anos antes, Pereira havia organizado, a partir de Paranaguá, uma expedição em busca de ouro na região do planalto curitibano.

A partir de então, há registros de que portugueses começaram a subir a Serra do Mar em direção à região que hoje é Curitiba interessados, sobretudo, pela exploração de ouro e, também, para prear indígenas para servirem de escravos. Porém, essas bandeiras passavam sem deixar povoadores. Apenas um ou outro era atraído. Chegou a ser esboçada uma primeira povoação, chamada de “Vilinha, nas margens do rio Atuba.

Por volta de 1654, os poucos que ali se situavam abandonaram o local, transferindo-se para onde hoje é a Praça Tiradentes – mas esse será um tema abordado na próxima coluna.

A situação de Curitiba mudou em 1661, quando já há o registro de moradia fixa dos primeiros colonizadores (ou como escreve o historiador Renato Mocellin, “invasores do território dos nativos”). Sabe-se que, por exemplo, que a partir desta data as famílias do bandeirante Baltazar Carrasco dos Reis e, também, de Mateus Leme já tinham residência fixa no vale do Rio Barigui juntamente com algumas outras famílias. O historiador Romário Martins adverte em seus livros que é muito difícil precisar uma data exata do início da povoação na região.

Carrasco dos Reis esteve presente em uma bandeira comandada por Antônio Domingues e havia percorrido os Campos de Curitiba. Em 1661 obteve do então governador Salvador Corrêa de Sá e Benvides uma sesmaria (um grande lote de terra) na localidade do Barigui. Leme é descendente importante de uma nobre família paulista, também era bandeirante e participou das investidas comandados pela bandeira de Fernão Dias Pais Leme no Sul do Brasil.

O genealogista Fernando Negrão pontua que tanto pelo lado materno quanto paterno, Mateus Leme descendia de famílias de “nobreza comprovada”. Carrasco dos Reis e Leme, considerados os pioneiros da ocupação portuguesa em Curitiba, ainda eram aparentados e os seus lotes faziam divisa.

Em 1668, quase duas décadas depois de Ébano Pereira ter anunciado a descoberta de ouro, a vila, que correspondia à atual capital do Paraná, era formada praticamente por um agrupamento de casas em torno de uma capela. Uma vila, porém, que ainda não era reconhecida oficialmente.

Mas essa realidade logo mudaria – cenas para as próximas colunas.

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