Cobrança de impostos em Curitiba detona “Revolta do Vintém”

Protesto contra impostos em Curitiba. Foto: Arturu.IA

Trinta anos depois da Emancipação do Paraná, a ainda incipiente capital Curitiba foi tomada por uma revolta que tomou as ruas da cidade e seguiu em direção à sede do governo. Houve enfrentamentos entre policiais e civis, com disparados de tiros de todos os lados. Alguns revoltosos acabaram na cadeia e muitos ficaram feridos.

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Entre os dias 27 e 30 de março de 1883 da capital da então província do Paraná se transformou em uma praça de guerra. A chamada “Revolta do Vintém” – ou Motim do Vintém – mobilizou a sociedade contra o início da cobrança de impostos sobre a renda dos comerciantes. Há registros de que um morador foi morto em confronto. Em sinal de protesto, os estabelecimentos comerciais fecharam as portas.

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Ao perceber que a receita arrecadada pelo Paraná era inferior ao programado no orçamento, o então presidente da província, Carlos Augusto de Carvalho, solicitou à Assembleia Provincial que votasse uma lei criando um imposto de 1,5% sobre as rendas.

“A criação do imposto de 1,5% sobre as rendas e patentes do comércio da província impunha altas multas, até para os que se recusassem a ‘mostrar seus livros’. Foi iniciativa que o novo presidente adotou ao se inteirar das dificuldades financeiras da província, que revelavam uma receita bastante inferior à previsão do orçamento”, explica Rui Cavallin Pinto, pesquisador e membro da Academia Paranaense de Letras.

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A medida enfureceu os comerciantes. No dia 27, data em que a cobrança entraria em vigor, o comércio curitibano fechou as portas e convocou a população para aderir ao movimento.

Em um estabelecimento comercial, situado na Rua São Francisco, houve uma reunião entre um dos líderes do movimento, Sérgio de Castro e o representante do governo, Manuel Eufrásio. Castro ressaltou que os comerciantes não aceitariam a imposição. Mas Eufrásio foi relutante. Os impostos continuariam. “A reunião durou seis horas, porém não chegou a nenhum resultado”, comenta Cavallin.

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Sem acordo, o governador Carlos de Carvalho ordenou que o 3º Regimento de Artilharia, o 2° Corpo de Cavalaria e a polícia provincial fizessem patrulhamento nas ruas da cidade para evitar qualquer incidente. No dia 30, após a realização de um comício, grande parte da população marchou em direção ao palácio do governo.

Gritos de ordem ecoaram pelas vias provincianas de Curitiba.

O choque entre aparato militar e os civis foi inevitável. Postados em frente aos manifestantes, as forças policiais impediram a progressão da passeata. Mas os rebeldes não se intimidaram. Disparos de armas de fogo tornaram as ruas próximas ao palácio um palco de guerra.

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Houve ainda apedrejamento de edifícios públicos, monumentos e casas particulares. Incontáveis pessoas foram feridas e diversas presas. Um dos detidos foi o líder do movimento, Sérgio de Castro. A situação se agravou ao constatar que muitos

imigrantes alemães também ficaram feridos ou foram presos. Isto virou um verdadeiro atrito diplomático entre Brasil e Alemanha.

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Mas de nada adiantaram os gritos contra o imposto criado por Carlos de Carvalho. “Apesar dos protestos que tomaram conta da cidade, o imposto foi mantido”, ressalta Costa.

No entanto, o idealizador do imposto foi o grande derrotado da história. Antes, Carlos de Carvalho tinha forte apoio popular, mas a “Revolta do Vintém” foi determinante para que ele perdesse apoio político e a confiança da sociedade. Em maio, ele não aguentou a situação e entregou o cargo ao vice, Antônio Alves de Araújo. O imposto foi, finalmente, revisto em assembleia legislativa extraordinária da província.

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“Assumindo o governo o vice-presidente, habilidoso comerciante, convocou a assembleia legislativa extraordinária provincial para os dias próximos, de 8 a 21 de julho, para proceder ao exame das providências a serem tomadas em relação ao estado financeiro da província e a promoção de atividades destinadas a rever a pendência dos comerciantes, com a adoção de novas posturas municipais e alterações do orçamento provincial do ano, visando o corte de gastos e a revisão do imposto comercial”, detalha Cavallin.

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