O pai de uma criança é um mero espectador na gravidez dos seus filhos

O papel do homem na gravidez. Blog Pai de Piá. Foto: Freepik

Eu não gosto de escrever para quem para logo no título, como aquela moçada que possivelmente está me xingando após o polêmico enunciado. Eu prefiro vocês, que se interessam pelo tema ou no mínimo não têm preguiça de acessar o link (e inevitavelmente ajudar a garantir o papá do Bernardo, afinal conta uma audiência bacana pro blog e, por consequência, pra Tribuna). Mas, afinal, o homem é só um espectador da gravidez?

É óbvio que não, mas na verdade é. Explico. Tirando as trocentas coisas que podemos fazer para deixar o lado da mãe mais suave, menos sofrido (e falaremos disso a seguir), não podemos fazer bulhufas. O fardo e a honra são delas. As dores e o prazer de gerar uma vida, são delas. Somos apenas um semeador. Poderíamos (como já somos, em alguns casos) facilmente ser substituídos por uma pipeta (espero que o instrumento usado para a fertilização seja algo parecido com uma pipeta).

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Somos um tanto inúteis como “bichos da Natureza” durante toda a gestação e tem homem que se morde de ciúmes disso. Aliás, a psicologia (ou seria psiquiatria) ajuda a explicar a frustração de muito destes machões que se sentem incompetentes ou até com inveja do poder que as mulheres têm de carregarem o dom de gerar e gerir uma vida. E ponto.

Agora, temos um zilhão de coisas para fazer para sermos realmente participativos numa gravidez. A primeira delas, que até parece besta, mas não é, é assumir a responsabilidade como homens de verdade. Dados divulgados recentemente pelo Portal da Transparência do Registro Civil do Brasil mostram que nos sete primeiros meses de 2022, 100.717 crianças foram registradas sem o nome do pai. Considerando a média no período, acrescentando mais dois meses nesta conta, aproximadamente 130 mil crianças foram registradas sem o nome do pai.

Sei lá. Eu acho isso tão absurdo, mas tão absurdo, que me faltam palavras. Só me vêm à cabeça um dicionário de palavrões, mas isso forçaria a reclassificação deste espaço para Maiores de 18 anos. E, como tenho a intenção de falar também para os pais adolescentes, não falarei muita bobagem.

Eu acho um absurdo, você acha um absurdo, mas tem um Maracanã lotado (do antigo Maraca, com geral e tudo) que acha belezinha plantar o filho na namorada, esposa, ficante ou peguete e sumir do mapa. Essa maldita cultura do machismo precisa acabar, nem que demora mais uma ou duas gerações. Mas essa nação dos “homens galinhas”, reconhecidos por sua “maravilhosa” habilidade de somar transas sem sentido e destruir sonhos (e famílias que começam muito graças à sua irresponsabilidade), precisa, no mínimo, parar de ser incentivada.

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Assumir a responsabilidade é o primeiro passo. O segundo, ainda óbvio, é compreender que o filho também é seu desde sua concepção e todo o incômodo que a gestação trará (e ela trará, tenha certeza, mesmo que os “românticos” mascarem a realidade) precisará, no mínimo, da sua solidariedade e paciência.

Você vai ter que trabalhar mais, meu amigo. Vai ter que demonstrar-se pronto para prestar o auxílio necessário para que sua parceira consiga ter dias “normais”. Desde buscar um copo de água na cozinha, até massagear os seus pés cansados e inchados. Afofar o travesseiro e ajuda-la a se levantar. Lavar a louça (que você também usou), nem se fala. Mas lavar mais vezes, ser proativo. Fazer o almoço, o café. Mimar a patroa mesmo.

“Ah, mas aí você quer que eu seja a empregada dela”. Olha, e se for? Você já parou para pensar que quando não havia gravidez ela fazia muitas dessas coisas, enquanto você não prestava a atenção? Olhe com mais carinho para a rotina da sua parceira. Antes e durante a gravidez (depois, nem se fala. Mas, como ainda não cheguei lá, aguardo para relatos com mais propriedade).

Cara, ela tá levando consigo o bem mais precioso da vida dela e, torço eu, da sua também. Desejado ou inesperado, um filho é a vida humana que se perpetua. É seu legado. É o legado do planeta terra, meu amigo. Se não formos nós a se desdobrar para que ele chegue ao nosso mundo com o mínimo de conforto e num ambiente de paz e harmonia, quem será?

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Não seja um espectador na gravidez da sua parceira. Seja um companheiro, um amigo, um homem de verdade. Prepara-se para que, com essas atitudes, você possa estar pronto para ser o espelho para aquele piazinho que vai nascer em alguns meses ou para mostrar para a princesa que virá ao mundo que existem homens bons e que podem ser um exemplo.

Não esmoreça. Segure firme, engula o choro, seja forte. A vida pode te apresentar desafio que vão te exigir ser uma rocha e você precisa estar preparado para segurar a sua barra e a barra da sua parceira.

E o esforço de um pai presente às vezes não é reconhecido, não é valorizado. Também sentimos, Não se compara, mas a pressão também é grande. Eu tenho sorte de ter uma mulher incrível ao meu lado, que reconhece o meu esforço e exalta a importância do meu papel de pai.

Bora encarar este desafio de ser um pai durante a gravidez da sua companheira?

Eu sou Eduardo Luiz Klisiewicz, marido da Beatriz e pai do Bernardo.

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