O dia que a Alcione, Roberto Carlos e Aerosmith me mostraram que estou pronto para ser pai

Ultrassom 5D do Bernardo de Oliveira Klisiewicz

Que tipo de pai eu vou ser? Desde antes mesmo de confirmada a gravidez da minha esposa Beatriz, me faço essa pergunta. Aliás, desde muito antes de pensar realmente em ser pai o questionamento me acompanha. Mas quando é que a gente vira pai?

Na “teoria” sou pai desde o exato momento da concepção do nosso filho Bernardo (quando nem Bernardo ele era, mas sim um amontoado de células). Mas é a mãe fica com todo o fardo físico (suas sensações, boas ou ruins) do desenvolvimento da vida. Nós, os pais, somos espectadores (falei um pouco sobre isso em outro texto).

E foi justamente exercendo essa função de expectador que percebi o exato momento em que me tornei pai de verdade. Isso aconteceu no exato momento da materialização “semi-definitiva” da obra de arte que ajudei a compor com a minha esposa: a primeira fotografia do nosso filho (ainda no ventre da Bia). O ultrassom 5D é uma experiência incrível, que definitivamente nos coloca cara a cara com nossos filhos. É algo que nos faz lembrar de São Tomé… é ver e crer que ali, dentro daquela pancinha linda, tem um serumaninho crescendo.

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Tá, a gente já sabe que isso tá acontecendo faz um tempo. Sabemos desde a escola como funcionam as coisas, mas bicho… é muito louco quando você entende que aqueles borrões em preto e branco, aquelas silhuetas quase indecifráveis dos ultrassons tradicionais se transformam em linhas tão perfeitas, tridimensionais e REAIS. Já tínhamos até sentido os chutinhos que eles dão, mas vê-los com os próprios olhos é surreal.

E a experiência não para por aí. Nós vimos mais do que ações do nosso bebê, nós vimos reações. Antes de falar delas, porém, cabe aqui um adendo especial.

Existem várias clínicas que oferecem o serviço de ultrassom 3D, 4D e afins. No meio das incontáveis pesquisas que minha Bela fez sobre temas relacionados à maternidade, ela encontrou um serviço aqui em Curitiba, franquia de uma rede espanhola, chamada Ecox. Eles não fazem um exame, mas sim uma “apresentação” do bebê para os familiares. E o objetivo é esse mesmo, nada de medições e diagnósticos clínicos. O objetivo da visita é mostrar o bebê para os pais e mais alguns convidados,

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A exibição é feita numa sala especial para isso, com uma tela grande, sofás e cadeiras confortáveis para que os convidados possam acompanhar o showzinho particular do bebê que está vindo aí. Os avós, os amigos, todos têm a chance de viver uma experiência diferente, capaz de os aproximarem ainda mais do bebê, estreitando os laços antes mesmo de a criança nascer.

E o nosso Bernardo deu um verdadeiro show. E parece que um caminhão de areia tombou dentro da sala, já que os meus olhos ficaram cheios de ciscos.

Começou tímido. Ele já está virado de cabeça para baixo (estamos na 31ª semana) e olhando para as costas da mãe. Por isso, via de regra, exibia apenas o perfil no exame. Mas a turma lá da Ecox tem várias técnicas para tentar fazer os artistas mostrarem o rosto para as aguardadas fotos. Bernardo jogou duro, até que eu surpreendi o pequeno. Saquei o celular do bolso e coloquei uma música da Alcione para tocar. Eu e a mãe adoramos (inclusive, nós três já fomos num show dela quando ele mal podia ouvir).

Pronto… aí ele literalmente começou o seu show. Nos primeiros acordes de “Você me vira a cabeça”, o danado largou um sorrisão lindo. A primeira reação do dia. Nós ficamos abobados, é claro. Até a moça que comandava o exame ficou surpresa com a reação dele. Até o acorde final da música ele abriu a boca na hora do refrão (Juramos que na hora do “Mais tem que me prender”, ele gritou “TEEEEMMM”), mexeu os bracinhos como se puxasse a galera, e se mexeu pra caramba. Foi emocionante.

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Da metade pro final do “exame”, o equipamento apresentou uma inconsistência que impediu a continuidade da exibição. A turma da Ecox, numa gentileza e profissionalismo, nos ofereceu outra data para completarmos o serviço. Achamos bom demais. Apesar de já estarmos satisfeitos, ver nosso piazinho de novo seria incrível.

E foi novamente uma experiência única. Mais uma vez ele começou tímido e dessa vez nem ligou pra nossa tentativa de enrola-lo com a Alcione. Foi quando a moça do exame deu um chocolatinho pra mãe que ele começou a “se aparecer”. Nessa hora tava com o pé e a mão na cara, naquela flexibilidade que só os bebês têm. Aí resolvi conversar com ele. Na hora fez um bico que foi a coisa mais linda.

Percebi que ele estava mais soltinho e apelei para as músicas novamente. Quando toquei “Como é Grande o Meu Amor por Você”, com o rei Roberto Carlos”, ganhamos o moleque, que pareceu gostar da canção e chegou a abrir os olhos.

Mas a seguir, quando toquei Aerosmith (I don’t Wanna Miss I Thing”) aconteceu algo incrível. A Bia estava virada de lado e a cabeça dele estava na parte que ficou para cima. O celular estava na maca, ou seja, mais perto da parte debaixo. Eu notei que ele estava escondendo cada vez mais o rosto.

Foi então que supus que ele estava procurando de onde estava vindo o som. Aí coloquei o celular na parte de cima, bem perto de onde estava o equipamento de ultrassom. BATATA… o piázinho virou a cabeça novamente e ficou pela primeira vez com a “cara limpa”, olhando de frente, procurando de onde vinha a voz rouca e potente do velho Steven Tyler.

Ali, naquela sala, beijando a testa da mulher da minha vida, com os olhos cheios de “areia”, percebi que realmente sou pai e que a partir de agora minha missão é viver bastante para ter o privilégio de ver esse piá crescer. Vou me esforçar para lhe dar condições de ser uma criança acima de tudo feliz e saudável, mas que mais pra frente possa ser um cara decente, honrado, de valores e que tenha seu caráter como cartão de visitas.

Estou pronto para dar o meu melhor!

Eu sou Eduardo Luiz Klisiewicz, marido da Beatriz e pai do Bernardo.

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