Moradores de rua continuam sendo uma grande questão a ser resolvida em Curitiba. Fácil puxar da memória o quanto este assunto rendeu na última eleição municipal. Rafael Greca se elegeu, mas as bobagens que falou sobre o episódio em que “resgatou um mendigo” ainda o cercam. E as ruas centrais da cidade continuam servindo de moradia pra centenas de pessoas.
Nas últimas semanas fomos provocados por vários comerciantes. Ruas diferentes passaram a ser ocupadas, em especial no entorno da Biblioteca Pública. Uma espécie de êxodo metropolitano. Homens e mulheres que antes dormiam próximos à Catedral, que fora revitalizada e passou a ser melhor guardada por um posto móvel da Guarda Municipal, tiveram que mudar de endereço.
É o que tem acontecido nos últimos anos. Não se pode crucificar apenas a atual administração da cidade. O problema apenas muda de lugar, é empurrado com a barriga, varrido pra debaixo do tapete. Sai da Praça Tiradentes e desce a Doutor Muricy, pra desespero dos comerciantes, que começam o dia, invariavelmente, com uma grande limpeza sanitária.
Paciência
A solução não é fácil. Há pessoas de vários estilos nas ruas, por diferentes motivos. A maioria não aceita a acolhida oferecida ela Fundação de Ação Social (FAS). Não gostam dos abrigos municipais, onde bebidas e drogas não podem acompanhá-los.
O ideal é que um plano bem feito de educação, reinserção social e capacitação seja seguido por duas, três, quatro grupos de administração. Que um prefeito após o outro abrace a causa e dê continuidade a um trabalho que independa de cores partidárias. Um plano que tenha como objetivo erradicar de vez os moradores de rua, sem precisar escondê-los da sociedade. Que faça com que eles simplesmente não existam, por terem sido abraçados por ela.
A situação atual deixou de ser crônica pra se tonar aguda. Rafael Greca e Eduardo Pimentel, prefeito e vice, eleitos há quase dois anos, têm a oportunidade de começar este trabalho. Curitiba agradece.