Uma no cravo, outra na ferradura

Seis por meia dúzia. Ou melhor, dez por dez. Proselitismo armado até os dentes com o nosso bolso. Se falta grana pra fechar um orçamento já furado, que se mande a conta pro povo. A dos ricos donos de terra, que está pendurada há tempos no financeiro, vira desconto em troca de apoio pra salvar a pele do presidente. Durma-se com um barulho desses.

A imoralidade atinge níveis cósmicos. Michel Temer, numa só canetada, dia desses, elevou impostos incidentes nos combustíveis. Pouco depois, ofereceu benesses de mesmo quilate à bancada ruralista na Câmara. A tampa que fecharia uma panela de R$ 10 bilhões se desviou e lacrou a caçarola de devedores milionários.

Derrapando no limo escorregadio das denúncias da Procuradoria Geral da União, nosso presidente está negociando escancaradamente sua sobrevivência no poder. A turma ruralista, considerada decisiva na contagem de votos pra arquivar o pedido de andamento da ação ao Supremo Tribunal Federal, ganhou os mesmos R$ 10 bi de presente.

Mel com açúcar

Um bem-vindo Refis, com condições de pai pra filho. Entrada de 4%, parcelada em quatro vezes, e 176 prestações pra pagar o saldo devedor. Desconto de 100% dos juros. Temer conquistou importantes votos. E se afastou das garras de Janot. Pelos menos um pouco. Por enquanto.

O país não consegue se desvendar. As amarras políticas não afrouxam os nós. E o povão padece. Inanição. Isso é justo?

Tente você, pobre mortal que tem alguma dívida pendurada num banco qualquer. O Itaú, por exemplo, que acabou de anunciar lucro de R$ 6,1 bilhões no segundo trimestre. Proponha parcelar seu papagaio nessas mesmas condições. Diga que a ideia foi do líder maior da República. Já pensou?

Precisamos lembrar de tudo isso no momento do voto, daqui a um ano. É o principal remédio que a democracia nos oferece. Pena que só pode ser aplicado a cada quatro anos. E estamos usando errado!

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