Dando sequência às entrevistas dominicais, O Estado conversou com um personagem especial no último domingo. O nome dele é Tadeu Marques da Fonseca, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9.ª Região.

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E o que Fonseca tem de especial? Ele é o primeiro magistrado deficiente visual. É, portanto, um cidadão que, mesmo que não queira, tornou-se um exemplo para seus pares – as pessoas que sofrem de alguma deficiência, os advogados, promotores e desembargadores – e para todos nós.

Qual é a manifestação que o juiz faz neste momento tão importante? “Aprendi que todos nós somos dependentes reciprocamente uns dos outros. Os meus colegas me ajudaram muito na faculdade. A minha mulher, que na época era minha namorada, deu um apoio emocional que foi fundamental, assim como a minha família. Ou seja, eu fui amparado devidamente por um grupo social que ia desde os meus colegas até a minha esposa”, disse ele na entrevista.

Tadeu Fonseca aponta um fato que precisa ser analisado. Ao entrar na faculdade, ele contou com a ajuda dos colegas e da família para chegar ao final do curso de Direito. E, hoje um magistrado, admite que talvez não chegasse onde está se não fosse a colaboração de todos, que permitiu que ele desenvolvesse suas qualidades e suplantasse a dificuldade de não enxergar.

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Às vezes, não sabemos como ajudar quem sofre de deficiência. Ficamos mais tímidos, queremos evitar algum constrangimento. E, por isso, acabamos não fazendo nada. Ao mesmo tempo, há quem tente, mesmo com a dificuldade, fazer tudo – o que pode e o que não pode. E também fica sentido se recebe um oferecimento de ajuda. O distanciamento natural é prejudicial para quem quer colaborar e quem precisa desta colaboração.

Temos, todos, que lembrar das palavras do desembargador. Somos, sim, “dependentes reciprocamente uns dos outros”. Ajudar quem precisa é o mínimo que qualquer um de nós pode fazer. Seremos grandes vencedores, como Tadeu Marques da Fonseca.

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