Os tempos são outros. Modernos. No Brasil de hoje há dois governos. Um tradicional, que obedece a uma agenda divulgada diariamente pelo Palácio do Planalto. Nela estão previstas audiências do presidente Jair Bolsonaro com autoridades de outros poderes e integrantes de primeiro escalão. Mas há outra rota de despachos. A mais oficial, dentre as não oficiais. É no Twitter as coisas acontecem.
Somos um país onde as mídias sociais têm mais participação na vida das pessoas. Dados do relatório “Digital in 2018: The Americas”, divulgado do segundo semestre do ano passado pelas empresas We are Social e Hootsuite, mostram que 62% dos brasileiros estão ativos em alguma rede social. Muitos em várias delas.
O mesmo estudo confirmou que, durante as últimas eleições presidenciais, a grande maioria dos eleitores de Bolsonaro teve nas mídias sociais a principal fonte de informação sobre política, seja a partir de posts de empresas tradicionais de mídia e jornalismo, ou de influenciadores digitais e até mesmo dos próprios protagonistas das notícias.
Eleito, Jair e sua trupe perceberam o poder dos tuítes. Para o bem e para o mal. O capitão já beira os 4 milhões de seguidores no Twitter. Seus filhos não largam o celular. Os principais ministros idem. Sérgio Moro, da Justiça e Segurança Pública, foi o último a aderir. Em poucas horas rompeu a barreira dos 100 mil seguidores. Nesse fim de semana já eram meio milhão de “fãs”.
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Parece um caminho sem volta. O desafio é avaliar o quando isso é bom ou ruim. Sexta passada, por exemplo, soubemos pela rede que o ministro da Educação, Ricardo Vélez, poderia ser desligado. As presepadas que ele cometeu nesses poucos meses também vieram à tona, quase todas, pela internet. Foi tuitando, também, que ele disse que não entregaria o cargo. E nós, imprensa, e você, cidadão, acompanhamos de camarote.
O maior perigo é a falta de filtro nisso tudo. Opiniões ao léu e multiplicadas à última potência. Mas, como já dissemos, é caminho sem volta. Governar com o celular nas mãos exige responsabilidade triplicada. O poder de um tuíte é muito maior que uma assinatura feita a quatro paredes. Estamos combinados?