Dias atrás fomos às ruas com uma pergunta bem simples: temer ou não? Iniciando em minúscula mesmo, verbo temer. Estamos passando por um período de mudanças e ter medo do futuro é mais que natural. Neste caso, o novo nem é tão novo assim. Pois Temer, o com letra maiúscula, já estava ali no banco de reservas há alguns anos. Chegou a vez dele assinar o cheque. E precisamos que dê certo.
O Brasil está afundado em grave crise há vários anos. Crônica, que conseguiu escorrer pelas entranhas da sociedade brasileira. Com exceção de poucos privilegiados, estremeceu de maneiras diversas as vidas dos brasileiros. Teve gente que não sobreviveu à fase aguda da recessão.
Neste momento pós-impeachment, nossos leitores demonstram confiança. Foi o que afirmaram ao repórter Ricardo Pereira. O bancário Leonardo Farah, 28 anos, bota fé na equipe escalada por Michel Temer e diz já sentir uma melhora na política nacional. A jovem vendedora Luana de Lima, de 23 anos, tem sentido na pele o aperto financeiro. Com filho pequeno pra criar, torce por uma melhora urgente. Mas tem receio que possíveis privatizações de alguns setores afetem o serviço público de creche.
É necessário ter consciência de que o momento pede remédios amargos. Muitos brasileiros foram beneficiados por programas assistenciais na década que passou. Iniciativas que, sim, reeditaram a linha de pobreza do povo brasileiro. Mas a um custo que hoje estes mesmos brasileiros não estão conseguindo pagar. Esse é o problema que nem todos enxergam.
Não pode faltar coragem a Temer pra reformar a estrutura da nossa previdência social, por exemplo. Enxugar a máquina pública também é imperativo, nem que pra isso seja necessário enfrentar toda horda de políticos que só pense no próprio mandato ou no caixa do partido.
Qualquer receita que ignore enfrentamentos dessa natureza não servirá. Temer deve escolher entre ser lembrado por dois anos e pouco ou por muitas décadas.