Sonhos de Natal

Quando se chega a esta data, 24 de dezembro, véspera de Natal, os sentimentos afloram. Muitos falam que, se conseguíssemos manter o chamado “espírito natalino” durante todo o ano, seríamos mais felizes e viveríamos em paz. Mas, apesar de querer muito, não conseguimos. Isto, entretanto, pouco importa hoje. É o dia de encontrarmos nossos entes queridos – amigos, amores, parentes -para lembramos, na entrada da madrugada, do nascimento de Jesus Cristo e para celebrarmos a vida e a felicidade.

Certamente, se pudéssemos daríamos presentes para todas as pessoas que gostamos. Nem que fosse aquela lembrancinha, um registro que serviria de recado (“Ei, eu gosto de você!”) e de manifestação de desejo de boas festas e feliz 2010 que logo está chegando.

Para algumas pessoas, infelizmente, é difícil comprar os presentes mesmo dos mais próximos. A falta de dinheiro evidencia o sofrimento de muitos pais e mães, que veem na televisão os mais modernos brinquedos, e sequer podem comprar um carrinho ou uma boneca para seus filhos. Pensando nisso, pessoas e empresas se uniram para criar o “Natal das Crianças”, evento que foi acompanhado pelo repórter Newton Almeida, de O Estado: “Cerca de 10 mil meninos e meninas de zero a 12 anos receberam, na manhã de ontem, os presentes arrecadados pelo projeto Natal das Crianças: alegria e solidariedade. Neste ano, foram contabilizados cerca de 25 mil brinquedos, superando a marca do ano passado, quando foram distribuídos 21 mil. Neste ano, o projeto contou com a participação de aproximadamente 500 voluntários. A ação começou com uma carreata para anunciar a chegada do Papai Noel, onde 200 carros partiram do Parque Barigui em direção à Vila Nova Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O número de veículos, entre carros, caminhões e motos, também superou 2008, que contou com 150 veículos participantes na carreata. O evento, que conta com o apoio de 30 de instituições e associações, é uma iniciativa com fins filantrópicos onde, nas vésperas de Natal, vários voluntários se reúnem para distribuição de brinquedos às crianças carentes. O principal objetivo desse projeto é o de atender o maior número de crianças”.

Quem ajudou no projeto citado acima não deve ter usado muito tempo, nem muito dinheiro. Às vezes, um brinquedo, uma roupa ou um livro guardados no fundo do armário, um videogame descartado por não ser “de última geração” ou aquela bola de futebol que já virou relíquia dos tempos de prática esportiva podem ajudar a fazer o Natal mais feliz para uma criança carente.

Caso semelhante ao daqueles que vão às agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos “adotar” cartas que as crianças mandam para o Papai Noel. Há quem diga que não se deve manter uma mentira para meninos e meninas, mas há também quem não consiga se manter inteiro ao ver um olhar triste de quem não tem o que comemorar.

São os sonhos de Natal que permeiam o dezembro desta meninada. Se a autoridade pública não existe, se o ente disforme chamado “sociedade” não chega até eles, se a educação e a saúde são precárias, se não há saneamento básico, ao menos há o Papai Noel. E ele não falta um ano sequer, mantendo viva a chama de que a vida deles pode melhorar.

É assim que a magia do Natal se mantém viva entre todos nós. O sorriso das crianças (e para quem mais nós fazemos tanta festa?) justifica um ou outro dia de esforço dos 500 voluntários que participaram do mencionado projeto. E eles vão passar os dias 24 e 25 de dezembro com alegria plena – por estarem com os seus na noite de Natal, e por terem levado a alegria para quem quase não sabe o que é ser feliz. Terminarão esta noite feliz sonhando em poderem repetir tudo isso em 2010 – mas, se possível, que mais gente ajude, e que menos crianças precisem desta ajuda.