Só o começo

O governador Beto Richa (PSDB) ainda está dando os primeiros passos do seu mandato, mas já mostra a direção que pretende seguir. Caminha bem o novo chefe do Poder Executivo estadual. Mostra pulso firme no controle das contas e na moralização da forma de tratar a administração pública. As medidas iniciais merecem atenção e aplausos, pois provam que os anos sob o comando de Roberto Requião (PMDB) não fizeram bem ao Paraná e que o propalado choque de gestão está em fase de implantação. O plano tem tudo para dar certo e o êxito virá com trabalho árduo e honesto de toda a equipe de governo que assumiu no dia 1.º de janeiro.

Em dois dias foram anunciadas importantes medidas, que visam trazer o equilíbrio financeiro ao Estado. Richa suspendeu todos os pagamentos dos órgãos da administração direta e indireta por até 90 dias. A moratória alcança todas as contas que comprometem o caixa do Paraná e traduz o compromisso do governo estadual com ações que ajustem os gastos da máquina pública à realidade econômica paranaense. Com exatidão, justificou o secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral: “É uma medida preventiva de austeridade e respeito ao erário público. A partir dessa suspensão de pagamento vamos tomar as medidas necessárias”. O objetivo maior e acertado é reavaliar toda e qualquer despesa.

Para não afetar o funcionamento de áreas essenciais de atendimento à população, como a saúde, a segurança pública, a educação e o desenvolvimento social, o novo governo irá manter de forma regular o pagamento de faturas relacionadas a tais setores. Outro ponto positivo: a sociedade não ficará desassistida em nenhum momento, apesar de a situação ser grave e exigir atos extremos.

Assim, se configurou a primeira ação do pacote de ajuste fiscal e choque de gestão prometido por Richa em seu discurso de posse. Cabe salientar que também foi determinada a redução de 15% nos gastos de custeio na administração direta e indireta. As outras decisões que merecem destaque são a exoneração de todos os 3,5 mil funcionários públicos contratados em cargos em comissão e a suspensão automática de todas as ordens de serviço ou convênios firmados com o Executivo estadual ainda não iniciados.

Em defesa das ações anunciadas, Richa disse que “é um conjunto de medidas extraordinárias de austeridade e responsabilidade, para recompor as finanças e garantir a recuperação da capacidade de investimento do Estado, em função da situação financeira que encontramos” e que “as medidas seguem a lógica da prudência financeira, do bom senso e da responsabilidade”. Não há como contestar os argumentos do governador. Quem de perto acompanhou a vida pública paranaense sabe o quanto o erário foi desrespeitado.

Richa e seus assessores buscam tornar viável o que Requião desgraçou com a sua falta de competência e a vista grossa com a corrupção. E, claro, sempre auxiliado por seus familiares. O momento é de exercitar a paciência. Não adianta cobrar que o novo governo realize milagres. Os próximos meses servirão para apurar o quadro real das finanças do Estado, investigar as irregularidades cometidas na gestão anterior e punir os culpados.

O que consola e conforta é saber que é o começo de uma nova era. Pior do que estava não pode ficar. O presente e o futuro prometem dias melhores. O Paraná e os paranaenses são merecedores.