Sentimento permanente

Hoje, 25 de dezembro, para muitos é aquele grande feriado do ano, quando é possível encontrar todos os familiares e fazer festa. Para outros, e com razão, é a chance de ganhar um dinheiro extra, até porque este foi o melhor Natal dos últimos anos, segundo as associações de comércio. E para alguns é um momento de introspecção e remissão de tudo que aconteceu em 2010.

Todos têm razão. Os primeiros aproveitam a oportunidade de enfim encontrar os entes queridos. Neste mundo de tanta “velocidade”, de excesso de trabalho e falta de carinho, só mesmo o Natal para reunir familiares e amigos em torno de uma mesa, em torno de uma só ideia, em torno da união dos povos. Chance para rever pais, irmãos, tios, pessoas que acabam ficando em segundo plano diante da correria do dia a dia. Pode parecer errado, mas é algo inevitável diante da agitação que é viver em grandes cidades.

Os que falam no lucro têm seus motivos. As lojas ficaram cheias nas últimas semanas, não só com o aumento da classe consumidora (com a forte penetração da chamada “nova classe média”, que se aproveitou do franco crescimento da economia), mas também com o aumento de gastos por pessoa e na diminuição dos preços por conta da procura e do cenário internacional. Os importados chegam muito mais baratos, o que impõe uma redução de valores também nos produtos nacionais. Cai a margem de lucro, mas o aumento nas vendas compensa.

É um sinal forte do aquecimento da economia. Mais um, na verdade, pois os últimos meses vêm sendo pródigos em boas notícias – a melhor delas foi a redução na taxa de desemprego, que para alguns especialistas já aponta para um contexto de pleno emprego. Estamos terminando 2010 muito melhores do que começamos, e isto é motivo para comemorações.

Mas todos nós, que reunimos as famílias ou que comemoramos os lucros, precisávamos pensar no significado permanente do Natal. Não é à toa que temos esta gigantesca comemoração hoje. Há motivos eternos, que precisam ser evocados para que o sofrimento de alguns neste ano não aumente no 2011 que logo estará aí.

O nascimento de Cristo traz para o simbolismo do Natal a importância da paz entre os povos, do respeito e da dignidade, da necessidade que todos temos em defender nossos pontos de vista, da liberdade que tem que ser geral e irrestrita. Maria e José tiveram que lutar contra muita coisa para trazer Jesus ao mundo. Combateram o mal que se avizinhava com toda a força, numa associação clara com o nosso mundo.

Hoje, a intolerância racial, sexual e econômica ainda atrapalha a construção de uma paz internacional. Vemos judeus e palestinos em uma guerra que não parece ter fim. As antigas repúblicas soviéticas em estado constante de beligerância. Coreia do Norte e Coreia do Sul prestes a um duelo sangrento. E na África e na América Central, milhões de pessoas encravadas na pobreza e totalmente dependentes da ajuda humanitária.

No Brasil, apesar da economia em alta, de termos escolhido uma mulher para nos presidir, temos a horrenda atitude de alguns que não aceitam conviver com os que não são da mesma raça e da mesma orientação sexual. Agressões covardes foram destaque na imprensa neste 2010. E certamente Jesus não concordaria com estes criminosos – principalmente aqueles que usam o nome dele para agir.
Que a esperança de dias melhores para todos norteie nossas orações neste 25 de dezembro. E na fé que estes dias virão podemos abraçar uns aos outros e desejar, de todo coração, um Feliz Natal.