Terça-feira, estiveram em Curitiba dois dos homens mais poderosos do País. O taciturno e reservado presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e o técnico da seleção brasileira, Carlos Caetano Bledorn Verri, o popular Dunga.

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Fazendo um rápido parêntese. Ricardo Teixeira é “poderoso” porque comanda, hoje, o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Tem ao seu lado a maior parte da classe política brasileira, a proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ainda o maior investimento em obras nos últimos vinte anos. Dunga é “poderoso” porque ocupa o cargo que todos os brasileiros gostariam de ocupar. Fecha parêntese.

Bem, o presidente da CBF e o treinador anunciaram que a seleção fará parte de sua preparação para a Copa do Mundo de 2010, que será realizada na África do Sul, na capital do Estado, ficando concentrada no hotel que existe dentro do Centro de Treinamento (CT) do Clube Atlético Paranaense (CAP). O repórter Cristian Toledo contou esta história na edição de quarta-feira de O Estado: “Curitiba será a capital do futebol brasileiro em meados de maio do ano que vem -pelo menos por uma semana. Ontem, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, anunciou que a seleção brasileira terá a capital do Paraná como primeira parada no caminho para a Copa. Não deverão acontecer treinos com bola ou amistosos, mas sim o início real da preparação do grupo que Dunga vai convocar para o mais importante torneio do futebol mundial. A ideia partiu do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). “Foi ele quem começou a conversar com a gente’, contou o diretor de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva. “Ele escondeu bem de vocês (jornalistas). Era uma conversa de um bom tempo. O prefeito não é mineiro, mas trabalhou em silêncio’, completou Ricardo Teixeira”.

Bem, há vencedores nesta história. O primeiro deles é, sem sombra de dúvida, o prefeito Beto Richa. Ele teve a “sacada” de oferecer a cidade ao presidente da CBF em um momento crucial para a seleção brasileira. Na última Copa do Mundo, a de 2006, realizada na Alemanha, houve muita liberalidade nas primeiras semanas de treino, com jogadores chegando acima do peso e recebendo benesses que tiravam a atenção deles do futebol. A intenção para este ano era resguardar melhor os atletas e tirá-los da roda-viva de excessos a que eles são submetidos. Como a CBF está desativando sua concentração em Teresópolis, e deixar a seleção no Rio de Janeiro seria uma temeridade, a entidade buscava um lugar onde se reunissem tranquilidade, estrutura e um clima que se assemelhasse ao da África do Sul. Talvez o prefeito nem tenha pensado em tudo, mas Curitiba caía como uma luva nas pretensões de Ricardo Teixeira.

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Vitória também do Atlético. O clube paranaense se estruturou nos últimos quinze anos, e tomou como prioridade melhorar seu patrimônio físico. Reconstruiu o estádio Joaquim Américo, que quando concluído será sede de jogos da Copa de 2014. E transformou um hotel-estância em um moderno centro de treinamentos, referência no Brasil e no exterior. A atual gestão teve o mérito de olhar para o lado médico, construindo um novo centro de capacitação esportiva, com ênfase no preparo clínico e físico e na chamada fisiologia do esporte. Os equipamentos de última geração do chamado Cecap foram determinantes na escolha da CBF.

E, em última análise, somos todos vencedores. Curitiba receberá por uma semana a seleção brasileira. Neste período, as atenções de todo o País (e do mundo do futebol) estarão voltadas para o Paraná. Se não teremos afluxo de turistas, teremos uma grande movimentação da imprensa, que colocará o Estado no mapa. E, se a seleção trouxer o “caneco”, poderemos virar “talismã” da CBF.

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