Requião mal, Richa bem

O governador Roberto Requião (PMDB) deve ter ficado de maus bofes com o instituto de pesquisas Datafolha. Em apenas uma semana, ele recebeu dois duros golpes da opinião pública (por mais que ele tenha a certeza que a culpa é da “imprensa canalha”). O primeiro foi sua não inclusão na pesquisa que apontou a polarização entre o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), na disputa pela presidência da República. Nenhuma das simulações incluiu o governador no Paraná como potencial candidato, reforçando o que todos os analistas políticos falam sobre a intenção de Requião – uma manobra do PMDB paulista para atrapalhar o acordo com Dilma, facilitando uma aliança com Serra.

Depois, o mesmo instituto trouxe, no jornal Folha de S. Paulo, o ranking de popularidade dos governadores dos estados mais importantes do País. A repórter Elizabete Castro falou sobre o assunto na edição de sábado de O Estado: “O governador Roberto Requião perdeu popularidade no Paraná. É o que revela a pesquisa do Instituto Datafolha sobre a aprovação de dez governadores, que tem como líder o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB). No levantamento do Datafolha, Requião está em sétimo lugar. A queda de três posições do governador paranaense é a maior registrada entre os 10 estados pesquisados. Apenas o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), envolvido no escândalo apelidado de “mensalão do DEM’ teve queda igual á de Requião, passando da sexta para a nona posição. Em março deste ano, Requião estava com nota 6,6 e ocupava o quarto lugar. Dez meses depois, a avaliação do governador do Paraná caiu para a 6,4, numa escala de zero a dez”.

Requião ficou à frente do companheiro de PMDB Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro – estado que normalmente tem administração conturbada, por conta dos problemas com a segurança pública. E também da gaúcha Yeda Crusius (PSDB) e do brasiliense José Roberto Arruda, ambos envolvidos em rumorosos casos de corrupção. Quer dizer, no final das contas, o governador paranaense vive o momento de menor popularidade em seus onze anos quase completos no poder.

Para piorar o humor de Requião, o Datafolha confirmou que Beto Richa (PSDB) é o prefeito mais popular das grandes capitais brasileiras. Ele teve a nota média de 7,9 (na mesma escala de um a dez citada acima) e obteve 84% de avaliação “ótimo” ou “bom”, uma popularidade comparável à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Beto Richa passa a ser o candidato mais forte na disputa para o governo do Estado no ano que logo está chegando. Com os resultados que o Datafolha divulgou nos últimos dias, o prefeito de Curitiba ganhou vantagem sobre seu “rival” na luta para ser indicado pelos tucanos, o senador Alvaro Dias. Líder nas pesquisas, ele vê a sagração do seu nome se tornar quase natural.

Para Requião, o poder de barganha está terminando. Ele sairá do governo do Estado em abril, para se dedicar à candidatura ao Senado, abrindo caminho para o vice Orlando Pessuti (PMDB), que ainda espera ser o candidato do partido ao governo, apesar de ser totalmente relegado pelo mandatário do Palácio das Araucárias e pelos áulicos do poder que se esvai lentamente. O crescimento de Beto Richa – e também do senador Osmar Dias (PDT) – nas pesquisas dificulta a negociação, pois o governador tinha como trunfo a popularidade, principalmente no interior do Estado. Mas, possivelmente, ele não pensa nisso agora, achando que tudo que aconteceu seja invenção da mídia, que na cabeça dele só vive para prejudicá-lo. Quando ele parar para pensar, talvez seja muito tarde.