Região Metropolitana de Curitiba ou salada mista?

A Região Metropolitana de Curitiba é composta por 29 municípios. Isso faz algum sentido pra você? Doutor Ulysses, por exemplo; fica a 96 quilômetros de Curitiba e é o menor deles, com pouco menos de 6 mil habitantes. Qual a ligação com a capital? Justifica estar, politicamente, na mesma região? De novo: isso faz algum sentido pra você?

Pois desde 1974 existe a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), órgão vinculado do governo do estado com a função de trabalhar pelo desenvolvimento conjunto dessas cidades. Missão inglória, num círculo tão gigantesco não só em quilômetros, mas em características e interesses.

Usamos Doutor Ulysses como modelo, mas poderíamos citar também Tunas, Adrianópolis ou Campo do Tenente. Lugares longínquos em tudo, especialmente em carências, da capital, que não chegam a reunir 10 mil pessoas. Impossível pensar em estratégias conexas de progresso.

Tá na lei

Esse conceito de região metropolitana surgiu ainda na década de 60. A constituição da época dizia que a União, mediante lei complementar, poderia estimular a criação delas. O que de fato ocorreu em 1973. Curitiba entre elas, com 14 cidades reunidas.

Com o passar do tempo o tacho só cresceu, até chegar às atuais 29 cidades. Um absurdo que só se justifica mediante negociações e interesses políticos. Semelhantes, aliás, aos que resultam na criação de localidades sem condições mínimas de subsistência. Nossa personagem Doutor Ulysses, por exemplo, que surgiu ao ser desmembrada de Cerro Azul, em 1993, tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná.

Tudo isso nos faz crer que é urgente mudar a maneira como as decisões são tomadas. O governo precisa ter outros meios para garantir a prosperidade de cada canto do Paraná. Juntar cidades numa grande lista, ou mapa, não parece que funcione.

Curitiba conversa, sim, com muitas cidades. Especialmente com aquelas fronteiriças. São populações que transitam de lado a lado, dormem num canto e trabalham noutro. Eventualmente têm parentes ou amigos do outro lado da ponte. Aí sim se justifica planejar infraestrutura conjunta, modais de transporte e até mesmo incentivar o trânsito de pessoas, levando em conta as vantagens e desvantagens de cada região.

Mas, definitivamente, o atual conceito de região metropolitana, por aqui, só atrapalha a propositura de ideias e a tomada de decisões. Que tal avançar?

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