Que o sistema político brasileiro precisa de uma bela reformulação, ninguém discute. O que alterar, modernizar, é que abre um leque imenso de questões. E se o problema maior não for o processo, o paciente, mas os cirurgiões? Pois o presente nos impõe justamente esta realidade.
Quem simplesmente não está ignorando todo esse papo de reforma política, certamente já está de saco cheio dele. Você, amigo leitor, integra qual grupo?
Nas telas da internet e nos noticiários televisivos, as carinhas sem qualquer vergonha dos políticos de plantão não se ruborizam em tratar, por exemplo, de fundo público pra financiar o processo eleitoral. Ou melhor: parte importante da carreira profissional deles mesmos.
Sim, no Brasil, política é profissão. De alto coturno, caneta pesada e gordo contracheque.
Grana alta
A ideia original, que a pressão das mídias sociais trabalha pra enfraquecer, é coletar 0,5% das receitas correntes líquidas da União. Uma boa bolada. R$ 3,6 bilhões, que deixariam de ser aplicados em saúde, educação, saneamento… Num país onde tudo isso funciona às mil maravilhas, não surpreende. Não é mesmo?
Querem, também, alterar a regra pra eleger parlamentares. Distritão e distrital misto são as palavras da moda. Já ouviu falar? Será que esse é mesmo nosso principal problema? Não é o que nos parece.
Não adianta alterar as regras do jogo, se a qualidade dos jogadores continuar péssima. Ou se as intenções desses personagens do circo político permanecerem as piores possíveis.
Nossos políticos são muito ruins. Distantes léguas de qualquer padrão mínimo de qualidade. Não representam com honra quem os elege, tampouco interesses verdadeiramente populares, nacionalistas.
Não é sério ficar discutindo fundo milionário num país onde a máquina pública suga mais recursos da União do que serviços básicos tão caros ao povo.
Você sabe quanto custa o Congresso Nacional? R$ 1,1 milhão por hora. R$ 28 milhões por dia. R$ 840 milhões por mês. R$ 10 bilhões por ano. Cada parlamentar tem cerca de 80 assessores. Tudo isso financiado, também, por você.
Nesse cenário, persiste a pergunta: dá pra discutir reforma eleitoral no Brasil, com essa turma tocando o processo?