Matéria do jornal O Estado de S. Paulo relatou a movimentação do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que tenta postular a candidatura à presidência da República pelo PSDB: “Um dia depois da manifestação dos presidentes de diretórios regionais do PSDB, o governador de Minas, Aécio Neves, reforçou a cobrança por uma definição do candidato tucano à presidência em dezembro deste ano ou no máximo em janeiro de 2010. Aécio disse que percebe uma “certa ansiedade’ entre os aliados nas viagens que tem feito pelo País. “Os entendimentos regionais, estaduais, eles dependem de alguma forma de uma palavra do eventual futuro presidente da República, pelo menos na expectativa dos nossos companheiros. E, portanto, isso tem feito falta’, afirmou o governador, em Juiz de Fora, onde visitou o ex-presidente Itamar Franco (PPS). Em uma reunião em Brasília, a maioria dos presidentes dos diretórios regionais do partido defendeu o mês de janeiro como data limite para a escolha do presidenciável tucano. Aécio disputa a indicação com o governador de São Paulo, José Serra, que lidera as pesquisas de intenção de voto e quer que o anúncio seja feito somente em março”.
Aécio Neves sabe que precisa ousar caso queira realmente ser candidato na eleição do ano que vem. Como diriam os físicos, em “condições normais de temperatura e pressão”, o governador José Serra será o candidato tucano à presidência. É ele quem lidera as pesquisas de intenção de voto, é conhecido em todo o País, governa o Estado mais importante da Federação e já tem a experiência suficiente para ser presidente.
Aécio, apesar do grande cacife de ser neto de Tancredo Neves, o homem que deu a vida pela democracia brasileira, ainda é um iniciante na política – se compararmos com Serra, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) e com o deputado federal Ciro Gomes (PSB). Tanto é verdade que ele praticamente se apresenta nos comerciais do PSDB no rádio e na televisão: “Olá, eu sou Aécio Neves. Talvez você não me conheça…”.
O governador de Minas Gerais terá que correr para demarcar espaço na luta interna dos tucanos. É importante sair das colunas sociais e entrar no noticiário político. Mostrar trabalho para os mineiros e se colocar como um personagem nacional. Teria que fazer o que o avô Tancredo fez em 1984: unir forças. Buscar nos senadores e governadores do PSDB e de outros partidos (principalmente PPS e PSB, pois o DEM está abraçado com Serra, com a exceção do ex-prefeito do Rio, César Maia) o apoio que necessita para vencer Serra no ninho tucano.
Itamar Franco e Ciro Gomes são personagens importantes nesta investida de Aécio. São dois nomes populares, com grande ascendência em regiões fortes (sudeste e nordeste) e não têm a menor vontade de entrar em uma aliança com José Serra. Se o governador paulista sair candidato, Itamar ficará afastado da campanha, mesmo com o PPS – liderado por Roberto Freire – entrando de cabeça ao lado dos tucanos. Já Ciro Gomes vai manter viva sua possibilidade de ser candidato “puro-sangue”, ou embarcará na campanha da petista Dilma Rousseff.
Aécio terá que usar todas as cartas do baralho para vencer o duelo com Serra. Mas não poderá ser agressivo em demasia, pois para ele ainda não é a última chance. Não será uma tragédia para o governador mineiro sair candidato a senador, ser eleito com votação consagradora e virar o presidente do Congresso Nacional, colocando-se como o principal nome a disputar com Lula (muito provavelmente) a eleição presidencial em 2014. Aécio Neves pode ainda dar um passo atrás para depois tentar o salto definitivo. Daí, a chance que se abre para ele arriscar, ousar. E, quem sabe, se garantir como candidato ainda em 2010.