O Paraná tem o seu ponto fraco: o Porto de Paranaguá. O terminal de suma importância para a economia estadual e do Brasil foi destroçado. Não é nem sombra do que já foi em passado ainda recente. Reflexo do mal perpetrado nos últimos anos pelo irmão filósofo, psicólogo e psicanalista do ex-governador Roberto Requião (PMDB). Nada contra a filosofia, a psicologia e a psicanálise. Muito pelo contrário. Mas são carreiras desconexas do cotidiano portuário. Seria até surpreendente caso a gestão de Eduardo Requião tivesse produzido bons frutos. Foi um desastre e o preço quem paga é a sociedade paranaense.
Os maiores beneficiados com a temerária administração dos irmãos Requião de Mello e Silva foram os catarinenses. Como se não bastasse a natureza ter sido mais generosa com o litoral do Estado vizinho, o que atrai milhões de turistas para as suas praias todos os anos, Santa Catarina soube aproveitar as deficiências do porto paranaense para se estruturar e “roubar” a clientela de Paranaguá. Se transferisse o domicílio eleitoral para solo “barriga verde”, Requião e seus parentes não encontrariam barreiras para se eleger a qualquer cargo público. Por óbvio, isso não passa de chiste. É que com seu estilo inconsequente e irresponsável, o ex-governador e seu irmão quase inviabilizaram o funcionamento do terminal, forçando as empresas que movimentavam cargas no local procurassem outras alternativas. Assim se fortaleceu Itajaí, São Francisco e se consolidou o projeto de construção do porto de Itapoá. Outra obra de Requião em detrimento dos interesses do Paraná.
Muitas obras e um verdadeiro choque de gestão podem colocar em ordem o terminal e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). A missão do governador Beto Richa (PSDB) e de sua equipe será dura e exigirá muito esforço. Para o bem do Estado e da população paranaense, o Porto de Paranaguá tem que voltar a ser referência nacional. Os primeiros passos estão sendo dados. Richa anunciou que, somados recursos dos governos estadual e federal, serão investidos R$ 154,5 milhões para a realização de obras de dragagem de manutenção e aprofundamento do Canal da Galheta e da bacia de evolução. Como deve ser feito em casos emergenciais, o governador assinou a ordem de serviço para dar início imediato aos trabalhos. Não há mais tempo a perder.
Sob nova administração, há planejamento para crescer. O governador determinou que se inicie estudo de viabilidade para ampliação do cais comercial do porto, que passaria dos atuais 20 berços de atracação para 32 berços. Segundo o superintendente da Appa, Airton Maron, a ampliação permitirá que a capacidade de movimentação de cargas passe das atuais 38 milhões de toneladas por ano para 60 milhões de toneladas anuais. Quanta diferença com a gestão anterior, que negligenciou cuidados básicos a ponto de imprimir fortes prejuízos ao terminal portuário. Tudo em nome da conhecida negociata para comprar uma draga fabricada na China. É vergonhoso, pois a forma como se tentou lesar o erário se configura em corrupção primária, prontamente barrada pela Justiça. Palmas para o juiz federal Marcos Josegrei da Silva.
Richa não pode parar por aí. Deve avançar e cumprir com a sua palavra. A população não aguenta mais os discursos, as promessas vazias e os anúncios de obras e medidas que jamais se concretizam. Que o governador, que há pouco assumiu o cargo, tenha em mente os ensinamentos do português Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.