A quem interessa tornar verdadeira a versão de que há uma caça a policiais militares no Paraná. Certamente que não a pessoas de bem. Estão querendo transformar fatos isolados, com motivações específicas, em algo estrambólico. É bom dar um basta nisso pra que larvas não se tornem bichos peçonhentos.

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Fossem nossos homens de farda valorizados como deveriam, boa parte desses crimes que viraram manchetes nos últimos dias não aconteceria. Não falo apenas em valorizá-los no bolso, o que é sim muito importante, mas em treinamento, fardamento sempre renovado e adequado, apoio psicológico e familiar. Eles não têm nada disso. Ou lhes resta muito pouco.

O resultado são profissionais desmotivados, desamparados em sua maioria, empurrados pra situações profissionais e pessoais inadequadas. É claro que não se pode dar salvo-conduto a tudo e a todos que apresentam alguma carência. Não se justifica erros transitando por caminhos errados. Mas muito poderia ser evitado.

Envolvimento com drogas está por trás de boa parte das mortes ocorridas. Soldados já afastados da corporação pra tratamento de saúde, mas que não conseguiam ficar longe das bocas de fumo, pó e pedra. Vício transformado em dívidas que, não pagas, serviram de passaporte pro cemitério.

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Policiais que sucumbiram em pontos comerciais, onde supostamente estavam de passagem ou comprando algo. Outra conversa pra boi dormir. Eram pais de família que lá estavam pra garantir um troco a mais no sustento da casa, dos filhos. Em alto percentual, apesar de proibido, é este o descanso dos PMs em momentos de folga. O bico complementa o salário de quase todos eles, mas os coloca em perigo. À paisana, e invariavelmente sozinhos, se confrontam com larápios que amedrontam os comércios locais.

Toda e qualquer justificativa diferente é pura desculpa. Não há gangue alguma ou matadores em série atrás de policiais. As histórias são parecidas. Finais idênticos. Cabe à instituição assumir as rédeas do roteiro, desde o início, pra que não vejamos mais fardas indevidamente manchadas de sangue e versões fantasiosas tomando conta das mídias sociais.

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