Parados pelo caminho

Ande por várias ruas de Curitiba. Pode ser de manhã, pode ser no meio da tarde, pode ser no complicado horário do “rush”, entre o fim da tarde e o início da noite. É um sofrimento para quem dirige encontrar espaço livre para trafegar e, às vezes, o horário marcado para algum compromisso vai por água abaixo. Em alguns momentos, pode parecer que só os motoristas sabem o tamanho da confusão. Mas a autoridade pública está preocupada.

Foi o que apontou reportagem de O Estado no domingo, assinada por Leonardo Coleto: “Atualmente, Curitiba conta com 1,1 milhão de carros. A frota circulante – ou seja, aqueles veículos que transitam todos os dias – corresponde a aproximadamente 400 mil veículos. De acordo com a Diretoria de Trânsito da prefeitura de Curitiba (Diretran), o número de carros na capital pulou de 684 mil, em 1999, para um milhão em 2008. Nesse mesmo período, a população estimada da cidade passou de 1,5 milhão para 1,8 milhão de habitantes. Ou seja, em uma década a frota aumentou em 413.618 carros e a população, em apenas 249.696 habitantes. Com isso, a capital paranaense é hoje a cidade brasileira com maior índice de motorização do País: 1,67 habitante por veículo. Em vista desses números, a procura por soluções que tragam melhorias na qualidade de vida, bem como redução de veículos em circulação, é cada vez mais presente. Exemplo disso foi o “Dia Sem Carro”, ao qual Curitiba aderiu em setembro passado. A mobilização incentivou 120 mil motoristas a deixar o carro em casa e partir para meios de locomoção menos poluentes e coletivos, como a bicicleta e o transporte público”.

São dois pontos a serem “atacados” pelas autoridades de trânsito. O primeiro, como citado acima, é o psicológico. É preciso fazer com que as pessoas se conscientizem que não existe apenas o carro como meio de transporte em uma cidade grande, como é Curitiba. A capital do Estado tem uma das melhores estruturas para quem anda de bicicleta -há muitas ciclovias, há parques e há espaço para os ciclistas. Ao mesmo tempo, algumas distâncias podem ser vencidas a pé. São duas iniciativas saudáveis que podem partir dos cidadãos, mas precisam ser incentivadas pelo poder público.

Sem contar com o sistema de transporte público, ainda o melhor do País. Os ônibus são opção real para quem quer deixar o carro em casa – e não pode apelar para a caminhada ou a pedalada. É possível chegar em qualquer ponto da cidade, inclusive em alguns em que é bastante complicado chegar de carro. As linhas expressas (os biarticulados, como o Santa Cândida-Pinheirinho ou o Boqueirão-Carlos Gomes), em momentos do dia, são mais ágeis que as vias rápidas.

Mas também há a ação prática a ser tomada. E a prefeitura de Curitiba está se mexendo. A instituição das ruas binárias foi a primeira tentativa, principalmente em bairros residenciais com grande população. É mais fácil andar em vias de mão única, e é esta a premissa básica dos binários. Também foi necessária a revitalização da antiga BR-116, que corta a cidade de norte e a sul. Agora com o nome de Linha Verde, a grande avenida surge como um “desafogador” de várias regiões, podendo ser uma solução importantíssima para o gargalo do trânsito.

Por tabela, a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, vai ajudar a melhorar o trânsito de Curitiba e da região metropolitana. Os investimentos em infraestrutura serão também canalizados para a criação (ou a reforma) de vias que serão de acesso amplo e rápido para os principais pontos turísticos da cidade e para o estádio Joaquim Américo, onde serão realizadas as partidas. Virá, portanto, um bom dinheiro que será aplicado para não deixar o curitibano parado pelo caminho.