Nas últimas duas eleições presidenciais, o PSDB entrou fragilizado. Apesar de em 2002 contar com o apoio do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, o partido sofreu com a falta de sintonia entre o candidato José Serra e o outro postulante, senador Tasso Jereissati (CE), que nitidamente não se esforçou pela vitória de seu colega. Em 2006, foi Serra quem não demonstrou muita vontade de empurrar a campanha do então governador de São Paulo Geraldo Alckmin – e, para quem não lembra, este teve que dar um murro na mesa para se garantir na disputa, pois os caciques do tucanato demoraram a se decidir.

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Desta vez, parece que os principais nomes do partido – Serra, Alckmin, Tasso, FHC, o presidente da legenda Sérgio Guerra e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves -captaram o recado vindo das urnas e das bases. Na edição de domingo de O Estado do Paraná, veio a notícia da conciliação definitiva: “Não haverá eleições prévias no PSDB para escolher o candidato tucano que vai disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano que vem. O acordo tático entre os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, os dois nomes mais fortes do PSDB, está estabelecido numa frase: “Nada de disputa entre nós’. No pacto entre os dois governadores não há uma definição de candidato para a cabeça de chapa tucana, embora a maioria do partido adote a candidatura Serra como a mais provável.

O que define, porém, as prévias como desnecessárias é o acerto de que um terá o apoio do outro para a definição do candidato titular”.

Da mesma forma que em 2002 e 2006, o PSDB tem dois candidatos potenciais – desta vez, Aécio e Serra. Igualmente há um nome proeminente neste momento: Serra, que lidera as pesquisas de intenção de voto para a presidência da República desde o ano passado. Na teoria, não haveria nada a contestar e o atual governador de São Paulo seria o candidato à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas antes houve contestações, e por isso os tucanos decidiram manter a serenidade.

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E eles estão corretos. Não se sabe como será o dia de amanhã, e Serra sabe que será alvejado pela oposição paulista (que, na grande maioria, é a situação nacional). Dependendo do que vier, e como vier, sua candidatura pode sofrer abalos, apesar do amplo apoio popular ao seu governo e a convicção do PSDB que realmente chegou a hora dele vencer a eleição presidencial.

Caso qualquer situação interrompa a caminhada de José Serra, o PSDB vai trabalhar a candidatura de Aécio Neves. Não será difícil colocá-lo na rota, apesar de ele estar em piores condições nas pesquisas deste ano. Além de governar um estado importante, o de Minas, ele é extremamente popular, e teve uma reeleição consagradora em 2006. Completará oito anos de mandato como o governador com maior aprovação dos eleitores. E, claro, há o irresistível apelo de Aécio ser neto de Tancredo Neves, o político que saiu de Minas para acabar com o regime militar, deu a vida pela democracia e morreu sem assumir a presidência da República. Com experiência parlamentar, um longo período no Executivo e um trunfo na manga, Aécio está pronto para esta luta – e também para a outra, pois é o mais jovem dos potenciais candidatos.

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Para os tucanos paranaenses, seria importante pensar em uma manifestação semelhante. Os dois pré-candidatos ao governo do Estado, o prefeito de Curitiba Beto Richa e o senador Alvaro Dias, estão mais distantes do que aliados de outros partidos. No momento em que Beto e Alvaro se coloquem claramente a favor de uma candidatura própria, e que um apoiará o outro em qualquer situação, o PSDB local fica mais forte. E pode partir para a disputa pelo Palácio Iguaçu com amplo favoritismo -que pode ajudar muito os planos do tucanato na eleição presidencial.