Os números da gripe A

Somos campeões. Não é de futebol, nem de qualquer outro esporte. Também não é de comparecimento nas escolas, nos locais de trabalho ou mesmo em campanhas de vacinação. Não é, também, em criminalidade – apesar dos números preocupantes. Hoje, o Paraná é o estado campeão em óbitos decorrentes da gripe A (H1N1), apelidada de gripe suína.

Na edição de terça-feira de O Estado, a repórter Luciana Cristo divulgou e dissecou os números da doença até aquele momento: “O Paraná já registra 213 mortes em decorrência da gripe A (H1N1). São quatro novas mortes confirmadas no interior do Estado, nas regiões de Pato Branco (que já tem 8 mortes), Francisco Beltrão (5 mortes), Foz do Iguaçu (18 mortes) e Jacarezinho (8 mortes), segundo novo boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Quase 35% das mortes se concentram na região metropolitana de Curitiba (RMC). Outras 8,9% do total de mortes está em Cascavel e 8,5% em Foz do Iguaçu”.

O maior número de vítimas fatais não está no Paraná (como seria normal, está em São Paulo, estado com maior população), mas a taxa de mortalidade virou assunto nos principais jornais do País no final de semana. O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo divulgaram matérias semelhantes, com números que foram explicitados em despacho da Agência O Globo: “A taxa de mortalidade no Paraná chega a 1,9 por cem mil habitantes. No Brasil, que já contabiliza 657 óbitos, a taxa de mortalidade pela doença é de 0,34 por 100 mil habitantes. Se fosse um país, o Paraná também lideraria o ranking da mortalidade”.

Em todas as matérias, como é o correto no exercício jornalístico, há uma manifestação do governo do Paraná, na pessoa do secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin. Ele explica, e há razão no que diz, que foi realizado um número maior de exames para verificação de possíveis contaminados. E esta seria uma causa do grande número proporcional de óbitos entre os infectados.

Mas há dois outros detalhes. De qualquer forma, o Paraná tem um número grande de vítimas fatais. É uma péssima notícia, é um fato que entristece a sociedade e que precisa de respostas firmes do poder público – neste caso, o governo do Estado e as prefeituras municipais. Por mais que o clima frio que imperou nos últimos meses tenha influenciado, não poderíamos ter tantas mortes por conta da gripe suína.

Outro ponto importante: se há mais exames, e portanto mais confirmações, era imperioso que tivéssemos um resultado bom nos tratamentos. Pelo contrário, surge o Paraná como estado mais afetado pela gripe transmitida pelo vírus H1N1. Se temos rapidez na detecção e maior número de casos (ou possíveis casos) analisados, era fundamental que respondêssemos com eficiência. Mas acontece exatamente o inverso.

Agora, em que os casos já estão surgindo em velocidade menor que nos últimos meses, é o momento ideal para prepararmos o Paraná para possíveis novos surtos da influenza A. Não podem parar as campanhas de conscientização, não podem parar as iniciativas bem-sucedidas do poder público, a população não pode parar com os hábitos de limpeza que precisam virar costume, principalmente das crianças. E, também, é necessário continuar com a rotina, sem desesperos ou acessos de pavor diante da doença.

Ao mesmo tempo, que as autoridades sanitárias façam um balanço de tudo que aconteceu desde a descoberta do vírus H1N1 e de sua entrada no País – e particularmente no Paraná. O que foi feito corretamente tem que ser repetido. E as falhas, tanto na comunicação quanto na estruturação do sistema de apoio aos infectados, não poderão ser repetidas. Insistir no erro, já dizia o velho ditado, é burrice. E esta é uma característica que não queremos ver em nossos gestores públicos.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna