O Brasil é um país de contrastes. Tribos indígenas mantêm o mesmo modo de vida há séculos, enquanto, por exemplo, a pesquisa e o desenvolvimento científico e tecnológico de ponta na exploração de novos combustíveis avançam a largos passos. Cada região, cada cidade, guarda uma surpresa, uma particularidade. Entre a pobreza chocante de muitos e o mundo de luxo e ostentação de não muito poucos, a Nação prova que pode reagir contra as suas próprias mazelas. Do campo vem a redenção. E deve ser motivo de orgulho nacional. O pecado do desleixo repetido várias vezes em outras áreas não se aplica ao setor agroindustrial. Muito mais por honra e obra dos lavradores que do Estado. Se dependesse do governo, o sucesso não seria alcançado.

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Os agricultores brasileiros souberam aproveitar as condições favoráveis de clima e solo e hoje colhem bons frutos do investimento que fizeram em aperfeiçoamento e pesquisa. Os resultados impressionam. A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas cresceu 11,6% em 2010, na relação com o ano anterior. A produção foi de 149,5 milhões de toneladas, ante 134,0 milhões de toneladas de 2009. O indicador supera em 2,4% a safra recorde de 2008 (146,0 milhões de toneladas). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os números ainda apontam que, na comparação com novembro, o mês de dezembro registrou variações nas estimativas de produção de seis produtos: aveia em grão (alta de 11,6%), cevada em grão (elevação de 1,3%), feijão em grão total (recuo de 1,2%), milho em grão (crescimento de 0,7%), trigo em grão (rendimento de 4,2%) e triticale em grão (alta de 5,8%). Tais informações provam que o grau de profissionalismo entre os produtores brasileiros é altíssimo e que o apelido de “celeiro do mundo” é inquestionável.

Merece destaque o fato de o Paraná ter retomado a liderança da produção nacional de grãos em 2010, com uma participação de 21,6%, seguido pelo Mato Grosso, com 19,3%, e Rio Grande do Sul, com 16,9%. Juntos, os três estados representam 57,8% do total da produção nacional. Usando de recursos tecnológicos e de conhecimentos avançados, além de seu empenho na lida com a terra, os agricultores paranaenses provaram que, apesar dos tristes anos de Roberto Requião (PMDB) à frente do Poder Executivo estadual, souberam contornar as dificuldades para fazer crescer a produtividade de suas áreas rurais.

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Nesse cenário de otimismo extremo, a lembrança de Requião é salutar. Afinal, o melhor é manter fresco na memória de cada paranaense que o ex-governador causou instabilidade ao setor agropecuário do Estado. Tudo por optar não agir com rigor na desocupação de áreas invadidas e saqueadas por vândalos travestidos de trabalhadores rurais sem terra e por ser negligente com a proteção sanitária nas áreas de divisas e fronteiras do Paraná. A febre aftosa entrou como quis nas fazendas e obrigou que os animais infectados fossem abatidos. Pena que tamanho prejuízo não tenha sido levado em conta no último 3 de outubro. Agora imaginem se o poder público tratasse da agricultura do País com mais presteza e boa vontade? Os resultados poderiam ser ainda melhores caso as linhas de financiamento para a atividade rural fossem ajustadas ao mundo real do homem do campo e a infraestrutura recebesse aportes substanciosos. De nada adianta o produtor trabalhar duro, investir pesado e boa parte da colheita apodrecer nos acostamentos de estradas tomadas por buracos ou estocada de maneira precária a céu aberto, em silos de péssima qualidade e em portos sem as mínimas condições necessárias para dar vazão à safra. Os agricultores estão fazendo a parte que lhes cabe. Falta o governo criar juízo e tratar com mais respeito a grande fonte de riqueza do Brasil.