Onda de otimismo

O que nenhum adversário pode deixar de admitir é que Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu suas duas gestões com êxito. O País, de fato, melhorou. A política de distribuição de renda minimizou o abismo social entre pobres e ricos, houve avanço da oferta de empregos e a economia se consolidou a tal ponto que a crise financeira dos Estados Unidos passou quase despercebida pelos brasileiros. Não se pode negar que Lula falhou em várias outras áreas também. Nem tudo foi a maravilha pintada pelos discursos de fim de governo. Faltou melhorar a educação, a saúde e a infraestrutura. Faltou combater a corrupção com mais rigor.

Embalado pelo bom resultado apresentado nos últimos oito anos, o presidente entrou em campanha e elegeu sua sucessora. Dilma Rousseff, de maneira inevitável, vai se beneficiar da herança deixada por Lula. O Brasil vive ainda o clima de otimismo, apesar de pouco conhecer a capacidade da futura presidente. Ela que sempre esteve ao lado de governadores e do próprio chefe do Poder Executivo, mas nunca efetivamente governou. Ela que estreou em eleições no último outubro e logo como candidata ao cargo máximo da Nação. Ela que assumirá o Palácio do Planalto com a complicada missão de dar continuidade ao trabalho do homem mais popular de toda a história do Brasil.

Pesquisa recente aponta que Lula não só transferiu votos para Dilma como também a colocou no mais alto grau de prestígio junto à opinião pública. A maré de otimismo parece perene. O levantamento encomendado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) ao Instituto Sensus evidenciou que a expectativa positiva com relação ao governo da presidente eleita, que tomará posse no próximo sábado, dia 1.º de janeiro, está em 69,2% – 27,7% acham que a presidente fará um ótimo governo e 41,5% um bom mandato. Como qualificar essa situação, que serve para medir o conceito dos brasileiros sobre o passado, o presente e o futuro do País, se não como fenomenal. Dilma encontrará um quadro todo favorável para realizar seu trabalho, com o apoio da sociedade e dirigindo uma economia estabilizada.

Outra prova de que a imagem da presidente eleita está atrelada a de seu antecessor é que, para 65% dos entrevistados, o governo Dilma será a continuidade do governo Lula. Apenas 26% discordam da possibilidade de ela levar adiante o trabalho do atual mandatário, 8,5% avaliam que haverá continuidade “em parte” e 3,6% não sabem ou não responderam. São dados que confortam, mas que também servem de alerta. Sempre é mais complicado superar aqueles que são competentes e que esbanjam carisma. A primeira presidente do Brasil terá que suar a camisa para tirar do imaginário popular o líder que deixou sua terra natal ainda criança para se transformar em operário, sindicalista e chefe de sua Nação. Missão das mais espinhosas.

Mostra da confiança depositada em Dilma é a questão sobre o andamento da economia. A expectativa de 43,7% é de que o Brasil vai se desenvolver muito nos próximos quatro anos, período do mandato da presidente eleita; 39,8% acreditam que vai haver pouco desenvolvimento e 7,5% acham que não haverá desenvolvimento. A economia é a área de formação da pupila de Luiz Inácio Lula da Silva e terá atenção especial. A tendência é que, por compreender melhor o assunto, ela tenha uma postura mais intervencionista. Diferente de Lula, que escolheu bons técnicos e os confiou a direção total dos rumos da área econômica.

Para melhor entender a pesquisa do Sensus, cabe destacar que o instituto entrevistou duas mil pessoas, em 136 municípios de 24 estados, entre os dias 23 e 27 de dezembro de 2010. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos. O índice de confiança é de 95%. E boa sorte a quem toma posse amanhã.

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