São quase oito anos. Uma eternidade para o antigo Partido da Frente Liberal (PFL), hoje Democratas (DEM). Eles, que foram fundamentais na eleição de Tancredo Neves e na construção da Nova República, apoiaram (durante o mandato) o presidente Fernando Collor de Mello, saíram do poder por breve tempo quando Itamar Franco assumiu a presidência e estiveram firmes ao lado de Fernando Henrique Cardoso (FHC) em seus dois mandatos.

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Mas, na “era Lula”, nada. Até natural, pois eram os Democratas o alvo das maiores críticas do PT. Tanto que outros aliados de FHC acabaram se bandeando para o governo federal, como PP, PSB e PTB – sem falar no PMDB, que já se entranhou no segundo e no terceiro escalões -, mas o DEM sequer foi citado em qualquer articulação. É como água e azeite, não combinam.

Agora, depois de tantos anos longe do poder central, eles pretendem contra-atacar. Como relatou matéria de O Estado de S. Paulo: “Em nome da sobrevivência política, o importante para o DEM é voltar ao poder em 2010. E, para isso, se o candidato tucano precisar montar uma “chapa puro-sangue’ com nomes do PSDB na disputa pela presidência e vice-presidência, o DEM não atrapalhará os planos da oposição. A moeda de troca para abrir mão da vaga de vice, mantendo-se como aliado preferencial, é ter o PSDB no apoio a pelo menos seis candidatos da legenda em governos estaduais, incluindo Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Norte, as principais apostas do partido para 2010. Grande parte da cúpula do DEM defende a dobradinha tucana José Serra-Aécio Neves. Avalia que a legenda precisa ganhar a eleição presidencial e, ao mesmo tempo, se reerguer nos estados, onde fracassou em 2006, quando elegeu apenas um governador, José Roberto Arruda, no Distrito Federal. O ex-senador e ex-presidente do partido Jorge Bornhausen é o maior entusiasta da chapa puramente tucana ao Palácio do Planalto. Em conversas reservadas com aliados, Bornhausen defende a tese de que a união São Paulo-Minas Gerais será decisiva para ganhar a eleição. Se depender dele, o DEM não colocará obstáculos a essa composição”.

A posição de Bornhausen tem explicação. A rigor, não há nenhum nome potencial no Democratas que pudesse entrar em uma chapa liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, ou pelo chefe do Executivo de Minas Gerais, Aécio Neves. Sem opções, e preferindo não correr o risco de uma candidatura coligada a outro partido, como o PMDB ou o PPS, uma chapa tucana “puro-sangue” passou a ser interessante para o DEM.

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Dentro do partido, há opções frágeis para uma composição. O presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ), talvez seja o nome mais razoável, mas mesmo assim não seria “o cara”. Mesma situação envolve o deputado federal Antonio Carlos Magalhães Netto (BA), que também deve abrir mão dessa possibilidade em nome de uma candidatura ao governo da Bahia, um dos estados em que o DEM exigiria o apoio dos tucanos. Há, claro, o senador por Pernambuco e ex-vice-presidente Marco Maciel, que certamente seria o candidato à vice ideal, mas ele não deve encarar mais uma disputa.

O problema para o DEM é que uma composição com o PSDB implica em uma união com o PPS e com uma grande fatia do PMDB. E destes dois partidos podem sair nomes fortíssimos para compor a chapa provavelmente com Serra como candidato à presidência. Dois pernambucanos como Maciel, por sinal. O primeiro é o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, que daria uma demonstração de firmeza ideológica e de manutenção de ideais sociais à chapa. O segundo é o senador peemedebista Jarbas Vasconcelos, um dos referenciais éticos da política brasileira. Com nomes assim, vai ser difícil de o DEM ver seu sonho virar realidade e a união com o PSDB ser uma dança “cheek-to-cheek”.

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