O presidente e o senador

Por menos de 24 horas, Curitiba recebeu o presidente da República. Luiz Inácio Lula da Silva veio ao Paraná por um motivo muito nobre: a posse do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9.ª Região (PR). Fonseca é o primeiro deficiente visual que atinge grau tão importante da magistratura. Como reconhecimento ao brilhantismo do desembargador “O Paraná dá exemplo ao empossar o primeiro juiz cego. (…) Não é preciso ter a visão perfeita para se enxergar a verdade e a justiça”, disse Lula -, o presidente desembarcou na capital paranaense e por aqui passou a noite.

Lula também participou de uma pequena cerimônia, ainda no aeroporto Afonso Pena, que lançou a medalha comemorativa ao aniversário de cem anos do Coritiba. Assunto favorito, o futebol dominou não só a chegada a Curitiba, na conversa com os dirigentes do time. Também é praxe nos voos presidenciais, pois não é do feitio do presidente tratar de assuntos sérios durante suas viagens.

Quem soube disso, pois veio com o presidente no avião oficial, foi o senador Osmar Dias (PDT). O parlamentar foi um dos escolhidos para formar a comitiva, e acabou se tornando uma das estrelas da curta passagem de Lula pelo Paraná. Sua presença próxima fala mais do que qualquer declaração, pois “marca posição’ da unidade entre o PDT e o PT no Estado, em torno do projeto presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da candidatura de Osmar ao governo na eleição de 2010.

Esta é uma definição que vai encaminhar quase todo o processo sucessório no Paraná. Era previsto, pelo andar da carruagem. Mas a confirmação, que ainda não veio, mas que virá brevemente (no momento certo), é sempre uma “bomba”.

Os últimos movimentos da política paranaense apontavam para o desfecho que se apresenta neste final de semana – de um lado, o PSDB com Beto Richa e uma gama de partidos que já vem ao lado dos tucanos há algum tempo; de outro, o PDT de Osmar Dias trazendo de roldão a força do PT e todos os partidos de sustentação ao governo Lula. É uma situação que polariza o pleito do ano que vem.

Sim, porque as duas vertentes principais da eleição presidencial se posicionam com clareza no Paraná. Com Dilma, estará o palanque de Osmar, que passará a tentar vincular seu nome não com o da ministra, mas com o popularíssimo Lula, o mais carismático político da história republicana. Com o governador de São Paulo José Serra (PSDB), estará Beto Richa, apoiando-se nos bons números de Serra e em sua farta popularidade, que o levou a uma consagradora reeleição como prefeito de Curitiba em 2008.

E os outros partidos que devem lançar candidatos à presidência já se posicionaram por aqui. O PSB de Ciro Gomes vai se alinhar com o PSDB. O PV de Marina Silva está mais perto do PT, ou mesmo do PMDB do vice-governador Orlando Pessuti. E o PSOL, liderado por Heloisa Helena, tem pequeníssima representação no Estado, e deverá lançar candidato próprio.

A incógnita fica com o PMDB. Como vai se comportar o partido do governador Roberto Requião? Aliado de Lula, ele não aceita que o PT apoie Osmar Dias, chegando a chamar o senador de “troglodita de direita”. Ao mesmo tempo, ele busca cindir o PSDB, querendo cacifar a candidatura do também senador Alvaro Dias ao governo.

Quem fica pelo caminho é o vice-governador Orlando Pessuti. Legítimo candidato peemedebista, ele diversas vezes é relegado a um segundo plano pelos seus correligionários mais importantes, a começar pelo próprio governador Requião. Caso não seja devidamente sustentado pelo PMDB, que ainda é o maior partido do Paraná, Pessuti virará um simples coadjuvante em uma eleição de dois gigantes.

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