O futuro da educação

Nos últimos oito anos, tivemos mais derrotas que vitórias na educação do Paraná. Com a insistência do então governador Roberto Requião em manter seu irmão Maurício como titular da secretaria estadual, a truculência foi mais comum do que o diálogo. Alguns bons projetos, como o de informatização das escolas, ficaram pelo caminho por conta do fracasso de ideias como as famigeradas TVs laranjas que transmitiriam programação via pen-drives.

Quando começou a campanha eleitoral, começou uma espécie de “terrorismo” contra a candidatura de Beto Richa. Especularam-se vários nomes de potenciais secretários, inclusive alguns para a pasta da Educação. Para acabar com as confusões, o então candidato decidiu indicar antecipadamente o futuro secretário, caso vencesse a eleição. Seria o seu vice, Flávio Arns, senador e profundamente ligado aos problemas da educação básica (e das crianças, por conta do trabalho da tia dele, a educadora Zilda Arns, falecida nos terremotos do Haiti).

Vencedor, Beto confirmou Arns como secretário de Educação no comício da vitória, ainda no dia 3 de outubro. E a repórter Luciana Cristo conversou com ele, na série de entrevistas de O Estado com os futuros secretários, que tomarão posse no dia 1.º de janeiro. Seu principal plano é a instalação de escolas integrais em todo o Paraná: “A proposta do governo é que o Paraná tenha 500 escolas em período integral até o fim do governo, perto de um quarto de todas as escolas estaduais existentes hoje, dando prioridade para cidades com IDH mais baixo. Antes do final do primeiro semestre de 2011 queremos estar com todo o planejamento pronto: onde e como vai ser, isso é uma coisa que tem que ser rápida. Concomitantemente vamos dar toda a ênfase possível para o contraturno, que pode ser feito em entidades que não sejam necessariamente escolas”.

É uma grande tacada. Vivemos nos últimos anos o drama dos jovens sem ocupação no contraturno das escolas. Nas comunidades mais carentes, não se projetou o que fazer com as crianças quando elas não estão estudando. Sem ter onde ir, ou acabam trabalhando de forma irregular, ou ficam expostas à criminalidade. Daí a importância do ensino integral, por isso o projeto do vice-governador eleito e secretário de Educação.

Era necessária uma quebra de paradigma na educação paranaense. Era a hora da mudança de estilo – basta a irritabilidade constante dos Requião, que venha a serenidade de Flávio Arns. É preciso mudar a política educacional, pois a estratégia “bolivariana” do último governo, simbolizada nas iniciativas sem sucesso da gestão Maurício Requião (que alardeava resultados que não se confirmavam), foi fracassada.

É preciso mudar também o perfil ético da educação paranaense. Por mais que não reflita (e certamente não reflete) a totalidade da burocracia educacional, o escândalo das diárias que desaguou na demissão da secretária Yvelise Arco-Verde foi uma mancha indelével na secretaria. Flávio Arns deverá iniciar brevemente uma auditoria, para avaliar o real estado da pasta.
E se o novo secretário tem planos, que ele saiba que os professores do Paraná estão preparados para um novo projeto – esperando que eles enfim recebam a valorização que merecem. E que Flávio Arns saiba também que há muita gente deste atual governo que estava “presa” ante a estrutura requianista, e que poderá ser muito útil na educação do Estado nos próximos anos.

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