Domingo foi um dia histórico para o Japão. Após 54 anos, os conservadores do Partido Liberal Democrata (PLD) foram derrotados nas eleições parlamentares. Por sinal, foi um fracasso de dimensões gigantescas, pois de majoritário o PLD virou um pequeno partido dentro do parlamento japonês. A liderança agora será do Partido Democrático do Japão (PDJ), que apesar do nome parecido, tem ideias bem diferentes dos conservadores.
É uma divisão semelhante à de quase todos os países -principalmente aqueles que permitem a existência de oposição, coisa que não acontece em locais como Venezuela, Equador, Bolívia e Cuba. A vitória dos liberais, pretensamente mais “à esquerda” dos derrotados, vai representar mudanças na política econômica japonesa, e também permitirá uma maior aproximação do país com a China, plano que alia relações exteriores e acordos comerciais.
Acima das ideologias e dos planos do PDJ, interessante é ver a mudança de poder e o impacto histórico em um país de tradições tão fortes como o Japão. A alternância de poder, que é comum em nações como Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha, pode nem ser sentida. É o caso do próprio Brasil, em que havia grande temor com um governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas nada aconteceu e nossa democracia saiu fortalecida – e pronta para um novo presidente, que será escolhido no ano que vem.
No Japão, é diferente. Três gerações de cidadãos foram criadas com um mesmo partido no poder. Por mais que ele mudasse (e, talvez, até se atualizasse), era um comando igual, com diretrizes iguais, filosofias iguais. E uma mesma política de governo, que não continha grandes mudanças de eleição para eleição.
Agora, não. Quem era oposição virou situação, e só mudou de lugar porque houve o desejo pelo novo. É esta a avaliação dos especialistas para a vitória do PDJ no domingo. Caberá aos novos governantes atender os anseios de um grupo que sequer participava do processo político (a última geração comandada pelo PLD), e hoje espera tudo de diferente. Senão, muda tudo de novo.